sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fardo

Uma parte de mim está apodrecida e morta
Enquanto a parte que ainda vive sucumbe ferida
A um oceano de culpa e miséria suicida
O sofrimento instala-se rompendo a porta

Lançando para o céu um ódio horripilante
A alma vencida chora lágrimas sanguinolentas
E como a aranha que instala sua teia em meu coração, violenta
Os vultos tumultuam a paz risonhos, de modo estonteante

A loucura salta açoitada por entre as deturpações
As inverdades errantes surgem tenebrosas por entre os nossos dedos
E é no desespero e na queda e não no mal, que jazem nossos medos
A corrupção é apenas tempero para uma alma presa em conturbações

O rancor é vasta cadeia a sinos imitar
De modo a manchar até mesmo o amor brutalmente
Ah quem dera um copo morno a me fazer dormir eternamente
Ou a punhalada que deixará todo o rancor e a frustração livres à vazar

O adorável inverno já perdeu sua neve
Neve que eu nunca presenciei, mas sempre a imaginei leve
Leve como a paz que eu sonho ter na morte que me traga aos poucos
Sua nau navega silente pelos mares de ódio do meu coração rouco

E quando tudo é consumido, até o abismo é perplexo
Não resta nada, a ilusão se contrai e a alma é devorada
Nada aquecerá de novo um dia, nem o sol da alvorada
A noite velará o vulto, a sombra cálida, apenas um reflexo

Meu corpo é igual a torre que despenca
Meus lamúrios são apenas rumores de outro mundo
Eu quero o rancor desnecessário de outrem, pois é infecundo
Isolarei a culpa e a tornarei minha encrenca
Carregarei trêmulo, sem raios e sem luares
Toda esta dor para o outro mundo, porque é apenas minha!

By: Bruno

Nenhum comentário:

Postar um comentário