quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A lição de Prometeu


No estalar mágico que se ouve
As sombras que se avultam
Em seu bruxuleio, despertam
Os receios a atacar de monte

Mesmo sem os nomes conhecer
Como se em áureos ondulantes,
Os maneirismos tortos e flamejantes
Propagam o impenitente adoecer

O que foi um pequeno presente
Transfigurou tudo, tão de repente
O Titã, não por correntes punido
Mas por seu consternar, pungido

Ao portar o clangor da aclamada luz
Não exultou o abismo nem aos deuses
Ofendeu, ofertando amenizar os frios meses 
Toldados pela neve a jazer a nova Cruz

Inevitável foi o maldoso interpretar a conduzir
As novas ações, à tudo conhecido destruir
E destituído de sua polaridade, o tempo,
Efêmero, não pôde mais por flama se traduzir

Sob o véu gris, agasalharam-se os frutos,
Não do Flamívomo presente de Prometeu,
Mas de seus grilhões, brindando os lutos
De ser dos Ardis mitológicos, o maior Fariseu.

Bruno Borin

Promessa

Na alucinação das coisas ignoradas
O êxtase das distrações mundanas propaga
Um carnaval de corações flamejantes
Em labirínticos ideais e choros ultrajantes

Em telas avulsas e repetidas, destoantes
Das promessas que clamam tão atroantes
Exalando o aroma da presunçosa juventude
Despindo-se na vil vala das multitudes 

Dispostos como marmóreos fetiches
Florescemos já nas tumbas potestatórias
Nas febris saúdes e encantados incensórios 

Olvidando das alteridades seus trapiches
Cultivamos nas obscuridades oratórias
As opacidades melódicas das misérias. 

Bruno Borin

Andando no escuro


Tauteando crepúsculo adentro
Cores de mista e confusa elegia,
Sazonais desejos e vãs agonias,
Nos hinos trêmulos que elenco;

Me perco nos acordes o amargar
Despetalado de meu sentir,
Ao revirar lembranças a farfalhar;
Sem perguntar do porquê insistir,

Em uma imagem que, distante
De qualquer coisa familiar
Apesar do teor pouco atroante 

Ressoa em um íntimo inverno
Cujas badaladas, consigo escutar
Do lastimoso, mas meu significante.

Bruno Borin