domingo, 27 de fevereiro de 2011

Suas palavras roubam o silêncio dos meus ouvidos
Tenho sono, mas você não me abraça
Então não me permito adormecer
Atento a seus lábios inquietos
Perco meus movimentos
Ato-me ao que pronuncias docemente
Agora que teus fios controlam minha vontade
Erga-me e me use como instrumento para alcaçar sua vontade
Eu posso dizer fortemente que não me importo
E é verdade
Contanto que eu esteja agindo ao seu lado
Contento-me com os pedaços de amor que jogas com desdém...

By: Bruno

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sensações

O corpo humano é cheio de sensações
Algumas delas puramente fisiológicas
Outras devassamente infelizes
Dominam-nos
Nos manipulam deliciosamente
Malignamente, causando diversos estupores
Linhas demonológicas contornam meu corpo
Contornando minhas ações
Colorindo meus devaneios e ressonando em meus gritos
Não há desespero algum
É somentem meu corpo pulsando em respostas espontâneas
Nada anormal, biologicamente falando
Unindo anatomias, junto ao desconhecido da razão
Há o que chamam de amor
Seria uma sensação? Um sentimento ou uma danação?
Em meu copo o miasma líquido estimula ebriedades
inconstantes
Em vertiginosos atos, desconheço minha razão
Em detrimento de minha consciência
Continuo em busca de experimentações
Ébrio, de fato, perco o foco
Minha congnição receberá as punições
Não obstante, perderei, continuarei
Farei fastigiosamente novas conexões cerebrais
Em lugar daquelas que o ópio devorou
Hiperativo estou, enquanto o cansaço não me abate
Abaterá tardiamente, quando meu corpo em pedaços
Aguardará ser remontado
Para que todas estas sensações
Se reproduzam como punições extra-corpórreas
Não obstante novamente, sejam sentidas
humanamente!

By: Bruno

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vislumbre inusitado

Minha visão esclerosada
Emite vislumbres opiários
Pessoas grotescas andam à rua
Agasalhadas em plena luz do sol ardente
Falando, gesticulando morbidamente
Observo tudo isto estupefato
Eis a realidade
Como pode pessoas tão grotescas
Que falam como se estivessem palestrando
Estarem tão imperceptíveis sob a ótica dos ocupados
Daqueles trajados socialmente e daqueles ébrios fumantes?
Eia pessoas satanizadas
Eia pessoas beatificadas
Eia a sociedade diversificada
Eia a cegueira múltipla
Eia a esclerose devoradora da consciência conjunta
Jogai fogos à estes seres menosprezados
Eia à multidão e eia à rua
Tão sem sentido, tão viva
Tão personificada
Tão enérgica!

By: Bruno

Vislumbre Inusitado

Vou atravessar a rua e de repente vejo, num calor
de trinta e tantos graus
uma mulher gorda com roupa de moleton e capuz,
calça colante curta só até os joelhos e havaianas
Que será, fogo no rabo?
Loucura, dorga, não sei
Ojos esbugalhados, que será?
Vai de um lado a outro em uns dez metros, sem
destino.
Não compreendo, que será esse comportamento tão
fora de padrões?
Vou embora, não cabe a mim decifrar coisa tão
estranha.

By: Minha mãe cida (é sério, até minha bêbada mãe se mete a ser poeta...)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Às manhãs

É manhã e já se corre intensamente
Haja glicose para tantos cérebros
Haja oxigênio para tanta respiração
Nunca entenderei o que chamam de cotidiano
Minhas palavras pútridas
Não possuem nem um décimo de vida
Que a manhã possui
Me sinto um ser estranho
Tão perto de ser humano
Mas por tão pouco não sou
Então escrevo escarniosamente
Sobre as manhãs
Enquanto os humanos falam compulsivos
Minha mão falha
Não há o tédio agora
Mas a sobriedade me é estranha
Zomba e imagina coisas sobre mim
Me diz para enfrentar
Mas digo que quero manter-me ébrio

By: Bruno
A cadeira quebra-se
A coluna parte-se
Escuta-se estralos
A morte sopra aos ouvidos
Dando-me ideias satânicas
Quebre uma lâmpada em mim
Conheço quem lhe quebrará osso por osso
Enquanto corrompo sua alma
Com história profanas
Com ebriedade
Tu estarás numa estranha danação estranha
Sinta a dor
Admire a dor
Conheça a dor
Só assim livrarei-me
Do ódio
Dor será seu ópio
Acostume-se com este torpor
A morte... Não será indolor!

By: Bruno

Ode à vida

Pernas sacolejam ao ar sem destino
Truculentas, destemidas
Nos pingos grossos da chuva esvoaçam mariposas
Também sem destino, desorientadas
As realidades são inúmeras
Mas a miséria é a mesma
Há o desapego à vida registrados nos fortes
trovões daquela chuva
E em meio de tanta tristeza gravatas e sapatos
Passeiam em seus carros refrigerados
Enquanto as personas restantes minguam
Mas há ainda alegria
Pequenos seres e pequenos gestos se manifestam
Nem tudo é perdição
Em busca de ebriedade eu faço pequenos versos
Palavra puxa palavra
Frases convidam outras frases
E assim se faz uma ode
É sobre a realidade?
É sobre madurezas?
Coisas tão inexatas são inevitáveis
Não existem coincidências nesta vida
Culturas misturam-se
A criatividade é o poder que une tudo
Quem pode adivinhar o que pode acontecer
Quando uma consciência nova é libertada?

by: Bruno

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Bolhas...



Espanto-me a cada olhar para trás
A cada vislumbre do meu antigo eu
Vejo que cada sentimento pode ter sido em vão
Mesmo eu querendo experimentar aquelas sensações
Você as jogou para o alto rigorosamente
Meu coração é como um conjunto de bolhas
Em que cada uma eu guardo um sorriso ou um olhar
Cada tipo de gesto seu encontram-se em um
invólucro lacrado com ternuras em formatos de
cadeados e chaves
A estranheza que causa ser livre diante das esferas
de sentimento é estrondoza
Não reparo que mudei, apenas o seu antigo eu
notou isso
Todos apesar de mudados compartilhamos conexões
estranhas
Fios de um tear invisível, conectam o ar das bolhas
de nossos corações involuntariamente
Parece confuso, mas é como as coisas são: Voláteis
E eu sempre me lembrarei
Não importa se estou desdenhando dos sentimentos
que carreguei entre meus dedos
Mas sei que ainda os tenho...
Dói...

By: Bruno

Meu fato inevitável

Há tempo se procura uma música
Perco a noção do tempo
Embora meus olhos sujos fitem sem atenção
Ao relógio embaçado por intempéries
Canso-me de ser impedido do meu ideal
Privam-me de meus pensamentos
Que agora são pequenas pétalas incolores
É inevitável estar um dia sozinho
Ficarei desamparado? Ficarei com enjoo?
Não procuro aprovações
Mas preciso da liberdade que minha pequena asa negra conseguir
Pouca, mas a reivindicarei
Para que minhas palavras desconexas cheguem a você, de alguma forma
A danação que sofro é tão única
Que os demais pensam ser inexistente
Não há nada além para mostrar-lhe
Apenas acredite não ser o único problemático, leitor
Sou um pseudo-tudo cheio de problemas psicológicos
Penso ser capaz de absorver toda a dor do mundo
Penso em adquirir toda a liberdade dos seres
Mas no fim não sei ser capaz de ajudar a mim mesmo
É a tragicidade inabalável e inevitável do meu ser para com este mundo...

By: Bruno

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Satanismo esbaforido

Desci ao inferno
Hei de bricar de nefasto
Trouxe a foice
Afinal com que instrumento
Trarei o horror?
Sim, competirei, lutarei
Quero ser o ser mais incompreendido
Quero ser o pior tipo de criatura
Quero ser o diabo, quero seu lugar
O trono em chamas
As chamas negras
O covil gélido e enegrecido
A cova ardente do ser das trevas
Obstinado estou
Com a foice estou
Hei de transformar tudo em meu
Este limbo dominarei
Assim como todos os outros
Quero meu lugar onde o mal maior estiver
Foice, permita-me em meio a gestos rigorosos
Gestos de morte e de sofrimento
A conseguir este lugar
O limbo no meio do planeta
O inferno que vivemos
Eu quero ser o causador disto
Eu sei que escrevo coisas que muitas pessoas acharão tenebrosas
Mas, foice, fiz do escárnio minha terra
Como seu dono, devo dar-lhe exemplo do devido horror que deves causar
Humanidade tola
Sei que sou imparcial
Mas não temo que a parte sem luz do meu coração
Me domine, e escreva estas coisas
Afinal tudo é arte
A morte é arte, o fogo é arte
A dor é arte
O sofrimento é arte
Só estou enfatizando estas coisas
Escrevo apenas
E mesmo que um dia disto se torne alguma de todas as verdades
Vocês tem a escolha em acreditar ou não!
Humanos tolos!!!

By: Bruno

Tempo de modernidade

Em meu tecnológico quarto
Não consigo me sentir humano
Não me sinto sozinho
Há sempre pessoas acompanhando
Em gestos virtuais
Em cliques aprovatórios
Apenas sigo em frente
Desfrutanto destes momentos
Sei que podem ser vazios
Mas para mim, são revestidos de significados
Meus conceitos giram em torno de todas estas
Parafernálias e sons digitais
Estou a um passo de negar minhas existência humana
E me declarar um maquinário tecnico ineficiente
Ajudem-me! Não entendo esta era
Onde tudo precisa ser de metal
Onde tudo precisa ser digital
Rimas são desnessárias
São substituidas por rápidos cliques inconscientes
Já não há mais acentuação
Embora eu a use saudosamente
Desconheço as letras novas que supostamente surgem
A cada passo futurístico
Não vejo ideais abdicatórios
Dos costumes ancestrais
Há muito o que aprender certamente
Então nos esforcemos
A adaptação requer um preço
E é claro, pagaremos um preço a altura ao sonho desejado
É só uma questão de tempo
Um tempo tecnológico e incerto.

By: Bruno

Confessional

Minhas unhas compridas
Me lembram de minha infância
Tempo de uma inocência perdida
Já não há mais tempo de recobrá-la
Não tenho recursos suficientes para reconstruí-la
É de dificil aceitação
Mas o corpo humano sempre se adapta
Em gestos ébrios é onde a produtividade se esconde
Em dias em que o copo está cheio
Há colheitas mais proveitosas
Escrevo compulsivamente
Não, não hei de provar nada a ninguém
Só hei de estar vivo e ativo
E ativo significa que escreverei
Mesmo que não tenha um tema ou um ideial específico
Hei de escrever, hei de fazer o que sei
Que assim me sinto satisfeito, vivo
Reconheço esta sensação oriunda de outros versos
Espero não ser reduntante meu caro
Mas se me acompanhas sabes de meu mundo bipolar
Sabes que me alimento de letras e palavras
As que consigo capturar
Prendo ao meu ser
E uso somente quando convém
Sou obstinado a ser inescrupuloso
Quero ser nefasto
Sou apenas eu
Um vivente

By: Bruno

Sensações

Sinto coisas desconexas
Sensações vãs estão se tornando coisas passíveis de saudações
Meu corpo se torna o antro destas agora magníficas
satisfações
Em meu ouvido são colocadas palavras burlescas
Não consigo reconhecer a origem delas
É algo nefasto, agora transformado em algo agradável
Minha visão mistura-se, sinto algo que jamais senti
O copo negro traz um mosaico de coisas
Que ao amanhecer se tornarão tristezas
Não nego que meu corpo e alma se entregam a isso
Involuntariamente, mas é tão nefasto...
É impossível negar o gosto por este envolvimento
Todas as noites busco esta ebriedade
Busco este mundo incolor
É tão satírica minha forma de viver
Saúde? A distribuí a outras pessoas
Não a quero
Desejo voluptosamente a uma plêiade de sensações
Enegrecidas pela moralidade escondida na sociedade
Evito a luz como possível
Algo rejeitável é minha alma regozijando no céu
Prefiro queimar-me como convém
Num oceano obscuro
Dentre todas estas sensações
Que em um pretérito rejeitei rigorosamente.

By: Bruno

Meu objetivo...

Tudo é e tudo acontece
Mesmo uma sola suja
Deve ter sua importância na grandiosidade do universo
Cada mente e cada sentimento são tão únicos quanto um belo copo de vidro desenhado por algum artista
Meu objetivo? Criar a arte, nem que para isso
Eu use de métodos inescrupulosos
Aquela sola, pertencia a um sapato estranho
Nada combinava naquela atmosfera amorfa
E mesmo assim, me falavam coisas anônimas
Tão desconexas quanto pingos de chuva
Misturados ao granizo de uma atmosfera confusa
Meu objetivo? Experimentar a vida como se não houvese outra oportunidade para sorrir
Tudo nesta vida possui alguma ligação
Você não pode pensar em estar livre para fazer o que quiser
Senão causará danos ao desconhecido
O acaso pode ser algo perigoso
O tear que tece a nossa vida não tem pontas soltas
Tudo é conectado e revestido de significados
Não obstante, leva-se uma vida para interpretar todos estes significados
É frustrante como pensamos saber tudo
Enquanto em verdade, não sabemos nada
Um bom vinho e um velho amigo são coisas preciosas quando pensamos que estamos sozinhos não é?

By: Bruno

A bengala

Quando o andar é dificultoso
Sua precisão se faz necessária
Andai homem, andai
Firma a vassoura envernizada ao chão
E dê um passo inseguro
Ergo o copo em homenagem a seu passo conquistado
Se tiveres uma mãe roqueira aplaude
Se tiveres uma mãe enxuta e acéfala
Ria de si e de seu trágico feito
Para que não pare o andar e chores
Cuidado para não prender a escura madeira
Em um buraco do chão, pois se cairdes
Eu rirei, e alguém chamará de coitado
Não andai de forma irregular
Pois estarás prestes a derrubar alguém
Mesmo você estando desacostumado com a sociedade
Não justifica derrubar pessoas com movimentos inapropriados não achas?
Acostumai homem, vós sois uma nova pessoa
Precisai da bengala, é com ela que o andar
Se torna algo seguro.

By: Bruno

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Gloire dans le Silence

Estou a tanto tempo parado
Que estou desistindo de esperar
Minha esperança nunca morreria
Porém meu coração aperta-se em meu peito
Como uma mágica a chuva anestesia essa dor
A cada gota que cai em minha face
Seus olhos puros refletem-se em minha mente
Carrego lembranças suas
Mas em realidade você as desconhecem
Desconexas e ébrias, existem só em minha mente
Algo me diz que não virá
Mas não posso abandonar a confortável chuva
Não quero que todos os sentimentos acumulados
Despedacem-se por nada
O silêncio possui uma glória ilusória
Pois permite que imaginemos idealizações impossíveis
Que logo são descartadas por outras
Mesmo que eu me esforce
Nunca conseguirei largar este maldito vício
Idealizo me em um momento perfeito e desejoso
Enquanto estou apenas em um lugar sem vida
Em uma chuva que nunca me abandona
E é só o que é confortável sobre uma vida imaginada
É a doçura das lembranças vividas sem que elas tenham de fato
Existido...

By: Bruno

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Seus olhos....

Herdo de um profano sentimento
O desejo por olhos azuis
Estes que só podem contentar-me
Alimentam um fulgor estranho e etéreo
Mas são sentimentos irrisórios perante a eternidade
De um momento verdadeiro
Modestamente acho uma mentira
Não confio em nada a não ser meu extinto
Por olhos que sejam extremamente azuis
Pois me lembram um passado cheio de ternuras irreais
Mesmo assim... ternuras
Ignaro eu sou perante outras cores senão azul
Para olhos, é só o que importa
Olhos dominam, olhos contam
E eu ébrio, acredito em tudo, o que transmitem
Idiotismo? Não! Crença!
Óh suave odor idílico de sua pele
Me deixas tão vunerável
Me contamine com o alegre veneno da inocência
Algo que como ser da noite, nunca a tive
A aranha do sótão, vive de insetos que caça
Enquanto eu, vivo dos olhos que cativo
Olhos eternos
Olhos que fazem-se em versos redundandes
São o sol desfeito
São os imensos mares unidos
Capturam minha alma
E implantam nela laços de chamas negras
O meu suplício é sua obrigação de cativar-me
Não hei de evadir-me
Conheço e admiro um por um dos efeitos
De seus olhos sobre mim!

By: Bruno

Sua luz

Perco me no meio de tantos vocábulos
Embora minha mente cheia
Nenhum quer se apresentar ao mundo
Sem forças para organizar a bagunça ficcional
Meu corpo perece
Meus gestos humanos são imperceptíveis a mim
Entre todas estas tais gesticulações
Que observas atentamente
Tente reconhecer algum padrão
Não se demore
Meu tempo esgota-se
Você conviveria com alguém tão subversivo quanto eu?
E se eu tornar-me algo não humano?
Bebo uma substância enegrecida enquanto conversamos
Uso o pouco da sanidade que me resta
Eu represento-lhe alguma importância?
No entanto, não reconheço nenhum traço importante em mim
Entre meus dedos fluem miséria
Minhas unhas carregam uma malícia que não foi adquirida
Esta é incorporada ao meu ser
Mesmo sendo reprimida pelo seu ser
Qual é o mistério da sua luz?
Que me prende a você
Que me entorpece
Que me faz... vivo!

By: Bruno

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Eu não falo muito sobre mim...

Como será o desenrolar desta noite?
Torno-me mais preciso em gestos ébrios
Resumindo gostos e definições
Em poucos caracteres concretizo feitos e tradições
Porém é ação involuntária
Escrever prova que estou vivo
Viver amarga minha alma
Indolências alegram-me temporariamente
A responsabilidade pesa em ações enegrecidadas de
sobriedade
Soando desconfortável, porém deve ser encarado
O mundo precisa ser mudado
Mesmo que eu não queira
Não devo atar-me em insolências próprias
Criadas por um eu indúctil
Afim de uma disciplina egoísta e fútil
Parti em busca de melhores conteúdos
Nada consta em minha vida
A não ser a exultação
No qual correm-se vinhos
Refocilo-me numa lama
De tristezas
Quero recobrir o apetite por mais vidas
A vida que não vivo
Cobra-me vidas que vivem à vapor
Eu que por vezes escrevo coisas hediondas
Não consigo cobrar nada além
É pura carência
Prestai atenção em mim,
Pois venço a morte todos os dias
Com o fulgor de meu espírito escritor

II
Lambuso-me de inocência
Para parecer outro ser
Mesmo que transpareça algo indevido
Por trás de uma máscara ressonante
Escondo-me num mundo de onde não se tem
fraquezas
Finjo-me de perfeito
Convenço-me de coisas falsas
Afim de danificar inconscientemente a alma fraca
Óh exulcerativo resultado
Sacrificai meu corpo, não obstante
Gostaria de ficar com minhas fantasmagorias
adolescentes
Me deixes partir com isto
Nada mais
Minha vida foi somente doces loucuras
Façam-me ter raras saudades destes devaneios
Em nome de um futuro concretizado
Onde desfaço-me
Desapareço
Parto
Magnificamente....

By: Bruno

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sobre mim

Cansado eu daquelas metáforas insensíveis
De palavras vazias
Que uma vez proferidas não retornam para a boca
de seus locutores
Um ato inconsciente incitar a ignorância
Alienar uma alma parece tão fácil
Mesmo que tenha algum preço
Ainda usa-se inconsequentemente
Não há temor
Algoz podridão invisível da sociedade
Devora a moralidade
Traças amorfas
Escarniosos desenhos infernais
Não irei sucumbir a tais humanos defeituosos
Do contrário, de que servirão o que li, escrevi
Minhas órbitas oculares ardem ávidas
Por mais devaneios oligofrênicos
Não mais mascararei minha psicose
Retirarei meu véu de criança desamparada
Comporei em meio a sombras fantásticas
Sobre temores e dolências
Ébriamente.

By: Bruno
Estuans interius
Não há nenhuma visão de saída
ira vehementi
Um fato terrível
Monstruoso, inevitável
Palavras atam-me ao descaso
Meu corpo se arroja ao chão
Procura um descanso
Ne me mori facias
Perco minha voz
Agonizo e mesmo assim
Quando olhas para a morbidez
Tento esboçar um sorriso
Apagam-me os sentidos aos poucos
Ne me mori facias
Queimo-me como me convêm
Em ódio
Et inanis
Por que continuas a torturar-me?
Um olhar curioso frente ao horror
É estúpido
É tempo de desistir de tudo
Da eternidade, e de todos os nobres devaneios
Hic veni, da mihi mortem iterum
Não quero mais existir
Nem na dimensão das memórias
E nem nos cristais do desejo
Agonizo no horror da reflexão
Como um verme em ácido
Vejo sua asa negra em formatos curiosos
Deve ser mais um dos devaneios pré-mortis
Seu sorriso está se tornando mais demoníaco
Do que o meu jamais foi
Agonizo, mas não obstante ainda admiro
Sua silhueta não mais humana
Fabrique para mim um pequeno barco
E envie meus restos mortais aos confins do submundo
Prometa-me aplacar todo o ódio que senti em toda vida
Hic veni, da mihi mortem iterum

By: Bruno

A morada do Deus rejeitado

Cães ladravam embora presos em vidros
Estilhaços de vida se prendem ao ar
Existiu vida neste lugar?
Entulhos nefastos rompem o silêncio
Contaminando a inocência
Perturbam os sentidos,
a sanidade de quem os vê
Este destino amaldiçoado foi inevitável
Os olhos suplicam por piedade
Uma criatura tão mágica
Decaiu tão deprimente
Óh infortúnio de se viver
Óh desejos pútridos e partidos
A redenção das pétalas
O sacrifício para este Deus rejeitado
Que alma se proporia a tal desgraça eterna?
Preso numa escuridão tão banalizada
Não há saída
Para a alma corrompida
Nenhum desejo escárnico satisfará
A fome de viver
Daquela criatura
Presa naquela estranha danação

By: Bruno

Mortos e vivos

Entre nós e os mortos há muito pouca diferença
Nós rimos, eles até riem
Nós choramos, eles abraçam seus lamúrios
Os mortos não dormem, pois nem nós
Os mortos se aglomeram, bom isto nem preciso mencionar
Sentimos dor? Pois disso os mortos sabem muito bem
Carregamos coisas, sim
E os mortos? Sentimentos
Descobrimos que entre os mortos e nós...
Há muito pouca diferença
E deve ser muito difícil diferenciar
Os vivos dos mortos
Talvez nem descubramos
Se somos um, ou nenhum
Ou ainda seres entre os dois
Somente nosso sangue
Nossa algoz circulação carmessim
Seja a única prova
Quem sabe...

By: Bruno