sexta-feira, 28 de junho de 2013

Boundaries


Frosty rain, mists upon my vision
Overflowing blur, distress my light
Many faces appearing with no sight
Erasing the certainty of my illusion

Click the revealing shutter button 
And them, let the memory die
As they irreversibly lie
In the flow of time upon (us all)

Until my world still lasts
Crackling quietly the frozen sounds
Of the forgiveness that blasts

Say whatever you wants
My memory remais without bounds
But it's open to all that you say...

By: Bruno 

Poema à criança morta nos braços da mãe

Não sou de escrever por estas cousas
Não gosto de me ferir por quem não posso ajudar
Mas resta a pergunta, será que fomos longe demais?
Será que os gritos valem mesmo mais que o imaginado silêncio?
Posso listar aqui as perguntas, posso também imaginar respostas
Mas a verdade é que... é que...
Não hão respostas a serem dadas...
There's no understanding...
Not anymore...
Apenas o cansaço
Da luta pela vida
E o nervosismo que desconstrói
A alma já alienada...

By: Bruno

Luto

Diante desta dura e eterna cama
Um singelo epitáfio em papel rascunhado
Sobre meu coração por ti, lacerado
É deixado, junto com o sal que se derrama

De meus olhos afundados em sua imagem
E em sua grave voz, lembrança de melodias
Dos fartos e felizes tempos,  eternas miragens
Agora mergulhado em pranto, passo meus dias

Uma foto rasgada é meu pequeno diário
Resumo da minha eterna espera
Do encontro marcado no calendário

Vislumbrado através de um sudário
Objetivo incerto como o mar à deriva
Quebrantado de ressaca como um calvário.

By: Bruno

sexta-feira, 14 de junho de 2013

À pitangueira

À pitangueira, que meus olhos verdeja:
Cada folha que se pende
Impressiona o vento experiente
E os lábios calados da terra que ensejam

O bestial firmamento aplainado do solo cimentado
O sol de ontem, tocha de tormento
Dardeja seu estelar alimento
Consumado na fotossíntética produção maquinada

Tal como ignotos amantes, a luz beija o tarô das folhas
Insondável e concupiscente comunhão de pecados venais
Que fermentam o gozo floemático, a rolar seivas brutais;
Gorjeio mudo, tal como dos passarinhos que não podem desolhar

A sedução de ritmo uno da natureza
Concretizada na eterna cópula dionisíaca
Regida pelas estações ninfomaníacas
Em rutilante e vegetal sutileza
   
No entanto, sob o fogo sólido a flambar o horizonte
As pombas nos telhados sujos, a repousar
Jamais pensariam nisso, e quiçá também 
Na quebra da rima.

By: Bruno 

Jogo

Nos seixos de realidade que quebrantam
Às pálpebras inertes da sonolência, no dorso dos versos
desabo, na uniformidade mentirosa das horas
Sem coragem de soprar o sonho para dentro do espelho
Me escondo no gorjeio merencório das palavras
Sem favoritar cor nenhuma para confeccionar minha mortalha
Como o pássaro recolhido numa árvore sem nome de uma rua qualquer
Apenas esperando para beber a continuidade vaidosa dos dias
Revirando-me no tempo dentro de um tempo e num jogo de luzes,
dentro de outro jogo de luzes, segredo lacrado no fluxo das realidades.
E tudo é jogo, e o jogo se movimenta com fichas de caras cegas e coroas destronadas
Com elas tudo se compra, à título de achismo e passatempo
E meu passatempo é inventar minhas próprias fichas
Com a carne incendiada da poesia
Temperada com minhas próprias vísceras fustigadas.

By: Bruno

terça-feira, 11 de junho de 2013

Canto suburbano


O céu cinza
Monocromatiza 
A paisagem do bairro

O brilho empertigado 
Do copo, reflete à luz
Branca, de dentro do quarto

Indiferente é o amadurecer dos frutos
Ou a troca da folhagem
Ou ainda o brotar de novos ramos

Luzes dos carros, prédios da cidade
Nem ouso lançar um sorriso amarelado
Ao relento da poeira e do carbono

É fácil acreditar nas cores
Quando tudo se move rápido
Por quê eu pensaria no fim de Maio?

Se as rosas não me comovem 
Nem me espetam?
Contudo, quando criança
Adorava botar a mão em seus espinhos

Agora no sexto mês de um ano indiferente
Sou mais um que prefiro a luz da lâmpada
Ao sol pungente

Jamais desprezei o voar frágil das borboletas
Mas a ideia árida de subúrbio não sai de mim...

By: Bruno


domingo, 9 de junho de 2013

Estes versos...


Estes versos te dou, por que amanhã é o dia
Que teus pés serão o meu guia
E irei feliz partir às épocas futuras
Porquê tu fez sonhar esta pequena criatura

Tua melancolia, tua amiga das horas obscuras
É também velha amiga minha, mística elegia
A nos tirar o ânimo e a energia
Mas tu, suspensa amanhã serás, por rimas puras

Subirás ao abismo do céu profundo
Coisa que só acontece uma vez no mundo
Como a flama fátua na ponta do mastro

Pisarás de leve nas pontas das dores
Como o desabrochar das flores,
Sobre os espinhos, teu corpo no céu, como um astro. 

By: Bruno 

sábado, 8 de junho de 2013

A Busca

Que posso entender sobre eternidade?
Sou apenas um menino
E o mundo que fito, gira pequenino
Nestes degraus molhados de obscuridade

Ocupo todos os espaços das minhas mãos
Com os silêncios que eu acabo derramando
Junto com o silvo descomedido do coração pulsando
Nas olheiras que se resignam a mortalhar o chão,

Procurando por símbolos no asfalto esfarelado
E nas calçadas esburacadas, onde senhoras desatentas caem 
E donde brota a ressentida terra com suas lágrimas a se petalarem
Ignoradas sob os passos da multidão sempre apressada

As horas se dobram sobre a minha mínima existência
Comunguei meus juros com o horizonte 
Que se levantou com ligeiras arribações, aos montes
E paguei com os mesmos silêncios, a minha algemada diligência

No dissolver do dia eu procuro meu rastro 
Minha saliva apunhalada de silêncios
E minhas palavras no extraviado lastro
Dos imundos e suburbanos compêndios 

Na tentativa de me reunir com o alarido orvalhado
Que tanto bebo eloquentemente para sustentar
Os estandartes do significado que se teima em revezar
Seu esconderijo imaculado;

Na vestimenta de símbolos dos vocábulos
Na esquizotipia algébrica do cálculo

Constituindo imprecisos vernáculos
Formulando com papel os estrados

Para repousar essa incessante busca.

By: Bruno 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Assim

Me sinto assim, míope da cabeça
Com o tempo de mão dada comigo
O desfoco é um foco amarrado num rio
Sem função de rio e nem de foco
Apenas de nado em si
Sem também ser peixe
Porque o tempo não tem guelra
E nem barbatana tem, o foco.

Nasci com uma aparelhagem estranha
Desvê sempre que meu desejo cria cor
Achando um abuso ter sensatez,
No lugar, puseram apenas uma pálida luz
E por pudor de ter pudor
Confundo na boca o sabor do pavor
Que se mete em mim
Toda vez que eu incorporo
A tenra voz da incerteza
Que tenho misturada à minha própria.

By: Bruno 

sábado, 1 de junho de 2013

Cicatrizes

I

Vagos traços desenhados
Plangentes delineios das experiências
Na epiderme bordadas.

Eternais penitências
Impostas aos vultos magoados
N'alma de seda, costuradas.

Ondulante e palpitante infecção
Profunda e temerosa chaga
Visão que o abismo generosamente afaga.

Negros acordes cortados pelo vento
Da saudade e do entristecimento
Bramido do torvo soluço da redenção.

Flamantes convulsões, intermitentes
Taquicardias, sob lágrimas secretas
E blasfêmias inconvenientes.

Transfigurados vultos perniciosos
Das lembranças negadas
E dos santos sem culto, nos calvários ociosos;

A espera de padecerem sozinhos
Suspirosos, inconscientes
Mas ainda sim, tão sanguineamente oniscientes,

Enquanto vós sois condecorados,
Tantos peitos divinamente dilacerados
E humanamente revoltosos,

Com a situação compungida do onirismo 
Que já não mais tem fome de existir,
Pois já não sabemos mais encorporar o lirismo

Como se deve, de forma a ajeitar a alma na voz das mãos
E afrouxar a costura epidermítica da solidão
Nas bromélias e regaços dos ouvidos alheios

É no errar dos maliciosos signos
No soluçar das desesperançosas hipocondrias
Dos portadores de pavorosas melancolias,

Que há o aprendizado esquecido
Decantado na brancura de suas ossadas
Unidos à arrepios tumbantes e amortecidos...

II

Alma! Não chorai o ocaso
Buquê cujas raízes rebentam o vaso
Teu cálice é o bordado do agora
Onde a loucura delineia sua mora

Segue descrevendo os neblinamentos
Enquanto o loop descreve sua curvatura
E as garras trementes do mental desfiguramento
Vão propiciando suas atinentes inspiraturas

Traduz tu a mumificada lágrima no vocábulo
Como a pata que raspa o solo do estábulo
Do corcéu indomado que te percorre a dor
E desfere o acre sabor dessa cancerosa flor!

III

Feliz é o coração que perscruta 
Sua lasciva e languente labuta
Burburinho por vezes manso e latente
Das bipolaridades que é condenado e; sente

Porque é na melodia proscrita e esquiva
Das estrelas mortas e esguias
Que se refugiaram os coágulos místicos
E os vinhos consoladores e tísicos;

Cristalizando a mortalha sudarística
Da bússola desnorteadora da ignobe
Vaidade que assume a forma tão torpe
Da somatória das veleidades mundanas
Residindo em sutis e prolíficos olhos cegos
E em olfatos mudos como córregos
Aflorando ramagens estranhamente ufanas...

By: Bruno