terça-feira, 12 de maio de 2015

Aperceber-me

Do luar que beija o chão
Nasce um cinzento azulado
Que me aquece o coração
Ao dormir bem ao meu lado

Ao secar o pranto, adormeço
A dor que deveras sinto, defiro
Assim o que vivo e o que sinto
E em meu andar, sem saber, esmoreço 

Se o tempo corre, prefiro não saber
Embora nos baralhos da vida
Tenho perdido a carta  querida

E, vazia, a sorte que conto ao vento 
Se dá aos silêncios do sentimento
À varanda exposto, como que ao relento...

Bruno Borin

sábado, 2 de maio de 2015

Tão simples quanto uma frase musical

O tinir de canções mortas anunciam
A certeza de mais um coração quebrado
Mesmo com o cenário perfeito montado
Quem diria que sorrisos entre si conspiram?

É no silêncio mais astral que a ruína de si
Se apresenta aos brilhos preciosos dos desejos
E a matemática dos momentos de infinito, ri
Da pobreza numérica dos moucos tracejos

Que os sentidos desdobram do real
É certo, os fenômenos se comovem
Mas apenas para coligir o vendaval

Das vãs revoltas e fulgurações
Que um quebrado coração
Pode trazer ao céu das objeções.

Bruno Borin

Contestação

Pelo direito de esquecer
Operam-se constelações
E todas pequenas motivações
Tão elegantes quanto apenas ser

Impossível imprimir no dia fosco
O brilho imperial dos edifícios
E o gosto metafísico por vestígios
Do sentir exagerado e exposto!

Se a natureza primitiva é trabalhada
Que seja também a vil defesa
Já que uma versão tísica nos é talhada 

E a cidade segue assim, consumindo
Tão arcana quanto a justeza
De seus esforços de perfeição bramindo!

Bruno Borin