quinta-feira, 18 de abril de 2013

Aparição


Num salão branco e pueril, dentre as personas, noto
Que os cortinado escarlate e vestidos sensuais,
Abafavam os insondáveis e ecoantes ais
Enquanto um pequeno vulto dentre muitos, devoto

Declamava as sensações, os gestos e os ares
Diante daqueles frios, fluidos, esquálidos pilares
Os rodopios vocabulares, encabulados e uníssonos
Afirmando a afonia dos urros horríssonos

Do Jabberwocky, lá fora esvoaçante
Calmo assombro ficto;
Jabberwocky de veneno massacrante

Sem a espada Vorpal, sem grimório, ante
Aos tórridos rosnares, no mundo onírico;
Que podia fazer senão declamar tais versos errantes?

By: Bruno


sábado, 13 de abril de 2013

Eu sou tua presa


I

Eu sou tua presa,
Estou sujeito às formas crepusculares
Dos teus desejos

Eu sou vulnerável,
Completamente propício a cair nos teus altares
Sem emitir algum arpejo

II

Agora, meus ais, meus soluços
Velhos fantasmas bêbedos
Desfilam sóbrios e lêdos
Por entre os sentidos que aguço

Na tentativa de sentir tua totalidade
Me sentindo banhado na fragrância
Da tua alegria, da tua moderna etimologia
Não vês? - Me envolveu em teu véu de serenidade!

III

O fog já não faz meu coração palpitar
Como teus olhos graves e perceptivos;

Como flores de uma só haste
Há muito me rendi ao nosso leve contraste.

By: Bruno

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Renovação

Em turbilhão, o desejo do impossível
Polarizava as minhas histerias somaticamente
Fazendo o lume das fantasias infantes, bruscamente
Se despedaçar, tornando minha sânie aterradoramente falível

Os sóis que pousavam em meu peito, a um pesar fragmentado
Se assemelhavam e, fragilmente sustinham os altares
Da minha crepitante lucidez, flor regada com sangue desalentado
Enquanto eu navegava desorientado por impassíveis além-mares

Eis que surge um clarão relocando de lugar as certezas
Purificando as vastas florações leprosas que haviam,
Provocando novas torturas, em substituição às que feneciam;
A doce paixão, doces dias que me rasgam com franqueza

Vejo nas novas auroras do meu sangue
A exponente radiação do honesto pranto
Sem corroer, apenas lavando as confusões langues
Que continuam surgindo sem o meu comando

Medindo pelo ritmo descompassado da minha sístole
Não há porquê perguntar às almas passantes, sobre a minha condição
Sei dos astros fragilizados que compõem a verve do meu coração
E por isso eu abdiquei de parte do meu controle,

Aos rosários que eu vi em seu coração calejado,
Aos cedros de sua imponência
Eu devo a impertinência,
De com toda segurança ter me apaixonado!

By: Bruno

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Psicologia da inércia


No embotamento crasso dos meus sentidos
A incógnita psique que me sabotou a cognição
Evidencia pingando seu morno sustenido
Na convulsiva distorção da minha encefálica vibração

A inexperiência dos meus vocábulos,
A absorção livre associativa dos difusos relevos,
Lapsos que me perquirem o quanto eu ainda devo
Frente à labiríntica intromissão a que me atrevo

O histerismo danado que me tortura
Semeia o plasmático assombro
Que carrego em meu hirto ombro

Sobre a afetação das minhas próprias limitações
Eis que percebo a minha síncope mnemose
Tentando abstrair estes ignotos fonemas por osmose!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Delirium tremens



A lâmpada ao estirar sua luz em cascata
Lambe o brutalismo da minha inconstância
Na aglutinação dos surtos, à varzea desta instância
Me flagro degenerado em minha virtude psicopata

As sucessões de perquirições estranhas
Que me assolam o encéfalo ebuliçoso
Tateiam como centenas de aranhas 
Em minha carne virginal e morosa

A realidade se delicia, fragmentada diante dos meus poros
Enquanto o humus dos meus pulmões babuja
Esquizóidemente a minha respiração e tripudia
O meu destoado desconsolo

Há muito perdi o rastro do substractum secular
Dos meu mundo onírico, enquanto a síntese má 
Dos fatos empíricos jamais me perdoará
Alegorizando a afonia das matérias polutas à notivagar

Permeando a epigênese da minha insonia
Na amorfia irrupta da consciência ululante
De animal sensorial. É nesta imperícia
Que se segue meu despotismo interior redundante.

Em cismas psicanalíticas me perco
Do meu próprio distorcido espectro
Na trama fatal que me cerco
Que flameja vibrante tal como fogo fátuo

E os mesmos siderismos crepusculares da alma 
Me impulsionam neste panscosmologismo 
Do fibroso arauto do neologismo 

Remetendo o valor da unidade da calma
Que antes era procurada nos prazeres vítreos
E que agora aspiro de ti, e consigo meu pouco equilíbrio.

By: Bruno