quinta-feira, 18 de abril de 2013

Aparição


Num salão branco e pueril, dentre as personas, noto
Que os cortinado escarlate e vestidos sensuais,
Abafavam os insondáveis e ecoantes ais
Enquanto um pequeno vulto dentre muitos, devoto

Declamava as sensações, os gestos e os ares
Diante daqueles frios, fluidos, esquálidos pilares
Os rodopios vocabulares, encabulados e uníssonos
Afirmando a afonia dos urros horríssonos

Do Jabberwocky, lá fora esvoaçante
Calmo assombro ficto;
Jabberwocky de veneno massacrante

Sem a espada Vorpal, sem grimório, ante
Aos tórridos rosnares, no mundo onírico;
Que podia fazer senão declamar tais versos errantes?

By: Bruno


2 comentários:

  1. Senti em meio a uma cena de terror. Será?

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  2. Caro Poeta,
    Tamanha descrição de ambiente em verso é muito difícil de ser feita. De resto descrever, mesmo em prosa, é o limite do risco de não integrar o leitor e ainda afastá-lo, pelo maçante, do texto. Mas o seu poema descritivo me põe dentro da sala e, a partir dela, com o olhar lá fora a esbugalhar-se no vazio, no calafrio. Muito bom! Na minha opinião reduza os adjetivos, sem inibir-se nos cortes. Dará certo, garanto. Em especial apague, se concordar, os qualificativos de degeneração, "ignotas" no caso deste texto. Esse meu opinar é porque entendo a palavra escrita com o destino de provocar o sabor, nunca de entregá-lo constituído em seus ingredientes. Sabe? Ingredientes de um texto são mistério, só o leitor poderá pesquisá-los, jamais sabê-los por inteiro.
    Abraços,
    CibeleBrasilLuz

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