sexta-feira, 31 de maio de 2013

Arquétipo

O pó das estrelas que me constitui
Vindo da mesma metafísica teórica
Que a sonoridade da hora que abstrui
As terrestres superstições apoteóticas

São um panorama premeditado
Um edital lançado 
Às divinas constelações
Absortas em terrenas inspirações

É no sangue silenciado,
No castiçal de vela apagada
Que corre o querosene

Ardente e abrupto querosene
Que multiplica o homem alienado
E destitui a materna figura, açaimada.

By: Bruno

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Truth

I poured down the pouring feeling
In stairs never climbed, I'm now seeing
The essence of the abism disrupted
- By your claiming voice, I' am still dazzled 

Are you still inside my broken world?
Carrying out your verbosity
Words, worthless fully affecting
Breaking walls and doors; - What for?

So many traces of this visionary love
Echoes of an invented light down our eyes
My mind is guided to you, and my blood lies 

Wanting to be yours, even knowing your trauma
'Cause in my sober veins flows no answer 
Just floats the aroma of your deceiving aura.

By: Bruno 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Soneto da pequena verdade

Queria te escrever um soneto
Mas não tenho agora
As exatas palavras de outorga
Dos meus escuros segredos

Sabe, não hei dar perecíveis certezas
Se o que me dão vida são as inúmeras
Inconstâncias, das mais variadas e severas
Mas dou-te a morna flama, a pequena clareza,

De uma verdade em brotamento
Vinda do sonho e do acaso
Revestindo o sentimento

De um novo e insólito acabamento,
Arranjo feito por delicadas mãos
Que por ti, transcendem o firmamento.

By: Bruno

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Nova teoria de pássaros


Alguém me gritou de dentro de uma poesia
Que a vida é breve e cabe inteira e completa numa pétala

Vi-me, então, compreendendo desde cedo o idioma secreto
Das lágrimas, vedado ao berro regressor e prepotente

Mas no caminho, me perdi na fronteira entre sonho e realidade
Onde é tudo azul  e ninguém mais tem adjetivo de morto ou vivo

Só o vício de ser orgânico combinado com inorgânico;
Ter nas mãos a eternidade mas não ter matéria para segurá-la

Eis que uma pomba, portando a procuração do céu
Zomba de mim, itinerante cartorária dos seres voantes

Não me importei... A lembrança do grito me fustigou a visão
Conectei isso ao signo que as folhas me desenhavam

Então tive um norte provisório, carimbei no passaporte
E bebi do vento a direção, me juntei aos que voam

Porque os que andam me entediaram, me rejeitaram
Não se pode ter duas pernas e uma asa só

Só se pode ter pernas ou asas, desejo aqui é infungível, viu?
Só vogais e consoantes se misturam, asas e pernas, jamais!

Mas sabe? Eu já quis ser árvore, quis abdicar da leveza
Quis raízes fortes e impregnadas do lenho pivotante do legado

Mas, me resta a metamorfose, ante ao ocultismo da palavra
Ou à sobra da revelação do texto diante dos leitores

Resumo a transparecência do meu desejo
Numa singela camélia, bailarinística Camélia, confidente flor

E em meus braços, não cabe a ruína aurórica de tudo 
Que eu quero preservar, de tudo que eu não queria abandonar

Me resta então arguir à fogueira que queime brevemente
Toda a metafísica que há na fábula que sonhei

Porque há na fábula a exatidão da mensagem
E eu prefiro a incógnita incipiente

Do polinômio oligofrênico,
E da ignorância sem freio

Daí nasce a experiência somática
Das dores do mundo, sem a pressa do tempo

Eu sei, eu sei! As corujas devem escutar muito bem
As irregulares batidas do meu coração

E pensar cada besteira dos meus pulsos 
Queimados pela purgação da mora da minha eternidade

Eternidade que eu sempre negarei
Com passos errantes de menino

Porque eu nego o tempo! E com os olhos que tenho
Não distinguo o que foi do que virá!

Bruno Borin

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Retrato ao gosto dadaísta


Bebendo da voz da multidão enaltecida, enlivrada
Desconstruo a pictoricidade da palavra
Percebo a inerente liquidez fática
Fragmentando o padrão competente em gotas
Atuação penitente, massificada e sem rota

Nos recortes de jornais, a tesoura carcomendo a certeza
Produz, certamente algum pattern de esperteza
Áspide e real retrato, olhos penetrantes recortados
Lábios desencarnados da fotografia, na colagem jogados

Ruptura jacente, confirma o fetiche por identidade
Domínio do irrisório, flores nuas de espinhos
Crucifixos e terços servem de escaninho
Aos dedos culpados, ao reflexo imódico da intimidade

Pernas bailam a chorosa rotina de andar desoladas
Despre/ocupadamente, razoáveis rostos a mentir despretensão
Finos e frágeis olhares, recortados abraços; imantação
Da passagem do tempo no sacolejo de passos descolados

O instante, mantém seu leque aberto
Florindo ao apagar da comoção
Sendo despetalado no flux da insensibilidade trágica
Acontecido sob a plumagem do desconcerto
Esquecido fora da asa da emoção.

By: Bruno

terça-feira, 14 de maio de 2013


E o que eu não disse começou a me perseguir
Me perguntando o porquê desse medo de não dizer
E eu respondi:
- A voz não dá rascunho, a retórica pode dar falácia
Tenho medo de vocês escorregarem e caírem fora daqueles ouvidos
Porque ninguém cata palavras do chão hoje em dia...

By: Bruno

sábado, 11 de maio de 2013

Minueto eclipsal


A mesma lua lírica
Alma tão serena
Nomeada Selene
Vem com seu virginal palor
Ao encontro do sol líquido
Que paira sem algum calor

Um escaravelho habita o coração da rosa
Rosa difusa, galho ensanguentado
Deixou muitas mãos com feridas escancaradas
Mas não conseguiu endurecer a emoção rançosa
Suas folhas foram libertadas há muito
Não tinham sequer o intuito
De invejar a tenaz efemeridade
Que transparece enfermidade

A mesma lua lírica
Não sabe rezar novena
Carrega Selênio
Em seu ventre carnal
Rochoso desejo do sol líquido
Que paira no horizonte astral

Sorte da rosa ter encontrado seu escaravelho
Sua carapaça sólida o protege do assombro vermelho
Rosa, cuja hora de suas pétalas também chegará
E assim como suas folhas foram embora
O tempo também a levará
Até restar somente a lembrança de outrora
Contudo, a mesma louca lua lírica
Jamais deixará sua fantasia onírica...

By: Bruno

Quem morrer primeiro que dê vida ao fado...


Quem morrer primeiro que dê vida ao fado
Sem nunca deixar de lado
A inconcebível alegria de ter amado

Quem se ausentar mais cedo
Não fique com medo
Dizem que a distância 
É de apenas um arvoredo

Quem partir adiantado que esqueça as malas
Posto que daqui só se levam as imaginárias asas
O resto é saudade e mágoa
De quem fica segurando as alças

À espera sem retorno
Dívida sem reembolso
O jeito é guardar no bolso
Os fragmentos restantes  

Que se dispersam a todo instante
Se quebrantam e amontoam
Enquanto a alma alagoa...

By: Bruno

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Visão Cubista


Tudo ao cubo eleva-se
Somatiza e retorce
Embota e libera
Supressão ritmada
Inconformada
Repuxada e desorganizada
Sem amarra sem freio nem pistão
Locomotiva louca e sem pontuação
A maquiagem esconde o pesar da moça
Que bebe a lágrima e gira o salto
Sapeca sorridente sabe seduzir
A poesia que não sabe anuir
Corre fora da gramática
Estética? Não epilética
Rua rua rua
Carro carro faróis acesos
Ei outra moça dessa vez abraçada
Embaraçada nos fones de ouvido
Pensei ter visto vi?
Aludi ao vento cinza que me olhou
Olhei de volta e nada vi do espectro
Os rostos rotos
Conservei
Só o meu palor fustigante
O resto alucinei

By: Bruno

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Balada do verso sem pátria


Minh'alma é refúgio de tantos versos
Ou minh'alma que busca refúgio neles?
Vagando entre corações eles vão
Perdidos em pontes de sangue
Amassando o veludo da expressão
Despejando o fluxo langue
Ignotos e despatriados estros
Que impregnam seu odor em nossas peles

Nos fazendo voltar ao tempo do fado,
Nos inundando com flautas chinesas,
Voando nas linhas sem qualquer despesa
A tinta, a melodia algutinam-se no lugar mais apertado

          - Do nosso coração
          E em seguida
Evanescem fugazmente, bem na palma das mãos

terça-feira, 7 de maio de 2013

Coração Cansado



Lágrimas sinuosas escorrendo
Embaçam o brilho do luar 
A inconstância já não pode se firmar

O leito do sorriso se espalha turvo
O sangue flui insustentável
A dor ramifica, mutável

Os pássaros já se foram todos
Só sobra os olhos fixados
No lenho escuro dos galhos

Viver um sonho, sonhar uma vida
Viver perdido na tênue linha 
Que separa o encaixe das estações, sina

De quem guarda o mundo em destaque 
No coração, que embora cansado
De sentir, sempre inspira a alma em desfalque

Devo seguir o vento que emana geada
Dispersando folhas secas de uma árvore
Sob a sombra de seu tronco juncada

Há nele a mensagem que umedece e amacia
Os campos solsticiais da alma
Com o orvalho da harmonia.

By: Bruno

domingo, 5 de maio de 2013

Nepenthaceae


Na fagocitose quimérica dos sonhos de infante
Escorre corrosivo líquido quebrando suas moléculas
Tantálicamente nos fazendo crer nas odes maléficas
Das harpas da vida, a percorrer os ouvidos, excruciante

O sangue borbulha perante o fugaz delírio
E o corpo sorri em terrível febre 
Acomete a mente, fulgor vasto e célebre
Condicionado a brilhar de modo litargírio

Na introspectiva dissolução da quitina
Pensamos nos conhecer profundamente
Ao ver nossas moléculas nadando profusamente

Impalpável desejo da retina
De ver além do que não é concebido
E de ouvir sinestésica, seu frustrado bramido.

By: Bruno

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lágrima


Nos obscuros desvãos da cognição
Apalpando a realidade, seus estofos laminados
Se confundem com os ares perfumados 
Do onirismo vago e sem pretensão 

O sol cobre-se de brancura e a lua de um laranja
Desgostoso, quente é o destino monstruoso
Que se mostra aos poucos tempestuoso
E permeia o céu com baça franja

Nestas condições, a lágrima furtiva
Se faz roçar na alva pele 
Hábil e pérfida fugitiva

Atravessando clandestina
A fronteira misturada da verve
Entre sonho e realidade pungitiva.

By: Bruno

Gravura

Preciso de um verso
Que denuncie o estro
De minhas chagas,
Sensações vagas.

Transcrever um universo
Num simples verso
Evidenciando do amor
Seu volumoso frescor.

Meu jardim em miniatura
Mistas pétalas bruxuleantes
Paralisadas em gravura

Vocábulos que anseiam aventura
Vivas cores galantes
Que voluntariamente se torturam...

By: Bruno