sexta-feira, 29 de julho de 2011

Distress and Coma


Ninguém pode ouvir meus gritos no fundo do abismo
Por favor me faça sucumbir engolido de modo que a vida jamais me toque novamente
E que aquelas lembranças corrompidas se esqueçam de mim
As mentiras derramadas tornam-se memórias podres
Fingir a felicidade não é entendê-la
O meu amor desgastado já não pode mais me salvar
A escuridão já corrompe, já degusta a minha alma
Não entende que suas flores murchas jamais voltarão a ser apenas flores?
Meu perplexo olhar se afasta do sol que tenta sussurar o oposto dessas agonias
Eu acredito apenas no futuro entre a terra e o meu lacrimatório
Depois que a esperança se tornou desespero e suspirou branca em meus ouvidos
Estar bem agora significa ter uma máscara rachada presa em meu rosto
Nenhum calor me fará satisfeito e nenhum toque projetará novas emoções
Queria apenas deixar as gotas cinzas da chuva se misturarem com minhas lágrimas
Minhas palavras se assemelham a um suspiro, mas não importam mais agora
Nós nunca conseguiremos rir dos nossos desacordos
Meus princípios se mancham com desejos malévolos
Então entenda que eu não quero ser salvo
A saúde não é um ornamento que combina com meu ser
Me encha com seu pesar até minha angústia dormir
E borboletas mortas decorarão o chão onde deitarei
Para confortar as feridas que vão se abrir em mim
Até calar todas as vozes ao redor
E a vida deixar os meus lábios para nunca mais voltar

By: Bruno

O Vinho

Eu já vi várias vezes o fundo de várias garrafas
Assim como o âmago da tristeza
A alma na ponta de uma foice demoníaca
É prazer imenso a correr pela garganta
A alma do vinho, as almas das uvinhas cristalizadas
O corpo despreende-se para o lado a tililar com a garrafa
Ambos caem em desprezo, entregues a si
Livres de suas prisões vítreas e mentais
O custo da alma é pequeno comparado aos devaneios provocados
Tal como rara flor, embriagada em projetos gloriosos
Sob leis sublimes o ardor dos corações amargurados prevalesce
Os instintos roídos fermentam ações que não serão lembradas
O sofrimento é mais belo quando sufocado pela inocência perdida
Regado aos bálsamos de um amor libertino e curto
Que não será sequer guardado no coração do poeta
Onde não jaz uma mocidade medicinal e cortez
Onde agora existe apenas o fulgor da tristeza mais profunda
O vinho se ausente gera despersonalização constante
A depressão e o delirium tremens se tornam absolutos
Dormir não trará alegria alguma e nem comer terá gosto
Não importa, o tempo não passará enquanto não se beber!

By: Bruno

Fardo

Uma parte de mim está apodrecida e morta
Enquanto a parte que ainda vive sucumbe ferida
A um oceano de culpa e miséria suicida
O sofrimento instala-se rompendo a porta

Lançando para o céu um ódio horripilante
A alma vencida chora lágrimas sanguinolentas
E como a aranha que instala sua teia em meu coração, violenta
Os vultos tumultuam a paz risonhos, de modo estonteante

A loucura salta açoitada por entre as deturpações
As inverdades errantes surgem tenebrosas por entre os nossos dedos
E é no desespero e na queda e não no mal, que jazem nossos medos
A corrupção é apenas tempero para uma alma presa em conturbações

O rancor é vasta cadeia a sinos imitar
De modo a manchar até mesmo o amor brutalmente
Ah quem dera um copo morno a me fazer dormir eternamente
Ou a punhalada que deixará todo o rancor e a frustração livres à vazar

O adorável inverno já perdeu sua neve
Neve que eu nunca presenciei, mas sempre a imaginei leve
Leve como a paz que eu sonho ter na morte que me traga aos poucos
Sua nau navega silente pelos mares de ódio do meu coração rouco

E quando tudo é consumido, até o abismo é perplexo
Não resta nada, a ilusão se contrai e a alma é devorada
Nada aquecerá de novo um dia, nem o sol da alvorada
A noite velará o vulto, a sombra cálida, apenas um reflexo

Meu corpo é igual a torre que despenca
Meus lamúrios são apenas rumores de outro mundo
Eu quero o rancor desnecessário de outrem, pois é infecundo
Isolarei a culpa e a tornarei minha encrenca
Carregarei trêmulo, sem raios e sem luares
Toda esta dor para o outro mundo, porque é apenas minha!

By: Bruno

sábado, 23 de julho de 2011

Amy Amy Amy

Através de uma lente azul e de tatuagens irreverentes
Suas lágrimas secavam sozinhas a cada picada
A cada gole a pequena maldita brincava de dona da situação
Uma jovem que não sabia o valor da admiração
Tão cansada de chorar os amores que tecia com sua voz
Certamente seu verdadeiro momento era quando estava entregue a si mesma
Tão entregue, tão solene, enquanto o mundo assistia seu desvanecer lento
Uma guerra tão inglória ocorria nos tablóides, a cobiça por sua fraqueza
Tão forte e tão determinada, sem jamais ferir seu ego
Alimentava-se com vodka e heroína
Ao serelepe acordar desjuava música caribenha em topless
Sua incorrigibilidade era seu traço mais forte
Uma loucura como nenhuma outra marcou as pessoas
A pequena Londrina fez história, sete prêmios
Mas isso não importava, somente a controvérsia importava
Fomos tão famingerados, nossa, tão ingratos!
Mas sua herança jamais será contestada, não pelo jazz!

By: Bruno

Súplica


O nascer do sol acompanha o secar das lágrimas fluentes
Eu não tenho nada a contar que lhe faria me odiar menos
Eu dou-lhe meu corpo, bata o mais forte se isto lhe acalma o coração
Quero que deixe seu rancor e sua revolta para mim, eu os carregarei
Para que você olhe para o nevoeiro das montanhas com uma feição pacífica
E para que os seus atos não sejam condenados
Eu os condecorarei sem malícia até a fraqueza dos meus dedos desaparecer uma a uma
Encha, em nome de todos os anjos, o meu corpo com as dores que deseja provocar
Sua satisfação trará a paz adequada à minha alma sacrificada
Eu não sou tão fraco, embora eu não vá sobreviver aos seus erros
Eu certamente quero sua culpa, o seu egoísmo
Quero que os escreva em minha pele até torná-la tão escura quanto suas asas
Se o seu ódio for a única coisa que remete ao meu nome
Eu serei grato por isso, mesmo que eu me sinta completamente esquecido
E meus medos me devorem por completo
Me lembrarei eterna e perfeitamente que você sabe o meu nome
Eu neste momento obteria a forma dele em seu coração!

Eu não posso dormir, não posso gritar
Porque tudo o que eu quero é você
Eu suplico, me culpe, até nada te segurar mais
Eu não mentirei, eu tentarei suportar o máximo da sua dor
Mesmo que meu amor não seja o bastante
Eu respirarei por você, mesmo que você tenha esmagado meus pulmões
Prometo que o seu ar que entrará, não me consumirá
Mesmo que você não pronuncie o meu nome ao me enviar para o abismo

Meu sombreado de bondade será onipontente perante às palavras que lhe ferirem
Em minhas mãos dobradas colocarei todas as orações
Para que Deus transfira a felicidade que eu não mereço a você
Pegue o mais negro caixão, enterre-me nele, junto com o que lhe atormentar
Sua segurança contra as figuras sem alma, regozijarão no meu sofrimento

Somente para você as minhas fraquezas florecem como ramagens puras
Cabe a você pisá-las e fazer desfalecer cada pétala
Eu não me importarei, faça disso seu jogo
Faça isso, com seus olhos pretos, sem sentimentos
Apenas o sadismo que minha alma espera da sua
O céu brilhará resguardando sua graça ao fim desta ação
Porque eu crisalizarei seu rancor nas mãos de Deus
Sendo seu sacrifício, sem rejeições, sem mágoas!

By: Bruno

Nephilim


Além do meu alcance, além do meu poder, além mesmo da minha alma mortal
Está um silêncio ensurdecedor, completamente pleno
Nenhuma ebriedade pode tirar meus pés firmes do chão imaginário que se encontra entre nós
Ah o amor pleno, jamais imaginado, óh anjo devoto apenas a mim
O anjo que cairia por mim, o anjo que me mostrou as flores divinais de seu jardim
Do seu âmago ressurgia, demonstrava e oferecia a puzera jamais concebida a um mortal
A chave da liberdade estava em minhas mãos
Mas eu admiti que o futuro era nebuloso e talvez assombroso
E mesmo que você ofereceu muito mais que seu ombro
Eu recusei, meu fardo era maior que nós dois, não, que muitos de nós dois
Todas as lágrimas que eu já derramei estavam contadas por você, apenas por você
Naquela astral situação, naquele surreal beijo, naquela calmaria que envolvia-me
Seu sentimento é superior a qualquer Babel que obstrua os pensamentos de Deus
Até mesmo os Deuses admiram a ausência de fatalismos daquele breve beijo
Aquelas palavras puras estão eternamente gravadas numa memória que não pode se apagar
É um segredo transcedental, uma verdade fechada!

Somente os céus sabem o que eu posso apenas guardar em mim
Por mais amores que eu tenha, por mais experiências que eu desenvolva
Não há amor comparável àquela perfeição
Uma sensação tão inédita e aclamável
Não há simplesmente descrição terrena
Os lábios vermelhos que contornavam os meus
Contrastam fortemente com a escuridão da transição das almas
A alva tez acaricia a minha como um sonho de verão
Embora estivesse gélidamente apagado
Aquela existência era pura como a neve
Como os elíseos mais frios e amorosos
Eu sentia calor fluir dentre nossos sentimentos
Eu sentia... Era verdadeiro, eu estava completamente absorto até mesmo a Deus
E eu recusei, novamente o fardo é o que me prende
Não posso simplesmente abandonar as coisas como estão
Eu sei que posso mudar as coisas, mesmo que errado estou
Eu não posso desistir agora, não agora
O céu está repleto de orações puras
Espalhadas por penas reluzentes à luz da lua
Na noite do grande sono, uma grande batalha de pétalas ocorrerá
Uma flor desabrochará bem aos meus olhos
E todas as minhas cicatrizes serão removidas
Minha alma, em contraste à corrupção
Será purificada, retorcida até as manchas neutralizarem-se
Pela *valquíria destinanada a mim...
Somente a mim...
--
*Valquírias - Mulheres aladas servas de Odin.
*Nephilim - Literalmente os que fazem cair, desertores
By: Bruno

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Protetor

Hoje as coisas não terão significado poético
Hoje, minhas asas de vidro estão estilhaçadas
E o céu cinza como no primeiro dia que te vi
As nuvens condensadas escondem as constelações que envolvem o seu brilho
Jamais esquecerei das suas fulguras eternas que cintilam e contornam minha escuridão
Minha alma tramita entre a alegria daquelas memórias e a corrupção do desfalecimento
O seu sorriso mesmo que imaginado remenda minhas cicatrizes
Eu devo preparar meu corpo com muitas dores e sofrimentos
Para que eu esteja completamente preparado para receber os seus
De modo que você não os sinta, não os veja, e talvez nem os perceba
Eu navegarei na escuridão do seu âmago, tomando essas trevas para mim
Para que você se mantenha pura, sem menores pretenções
Eu eternizarei cada alegria sua em seu próprio coração
Para que você nunca deixe de sorrir e eu nunca esqueça do seu riso
Eu lapidarei grandes avenidas sem semáforos e ruídos automotores
Para que seus passos silentes nunca caminham para a incerteza
Eu lajearei grandes e impenetráveis fortalezas
Para que você nunca se sinta insegura
E para que a chuva não lhe traga resfriados e outras enfermidades
E por fim eu guardarei minha memória forte e seguramente por toda eternidade
Assim, por mais que se sinta só, você jamais será esquecida um segundo sequer!

By: Bruno

terça-feira, 19 de julho de 2011

Renegado


Em larga mão escondem-se os precipícios
Onde jaz nenhuma luz, perdão e martírios
Ó Príncipe Exilado das moléstias mais sutis
As terras soberanas da esperança
Guarde para as loucuras vis

Anjos fartos de terem asas, servos fortes com olhos cegos
Beba do sangue e coma do corpo que já está adormecido
Ele não sonhará com você, nem morrera por sua alma
Saiba que o valor de sua sombra é o mesmo da escuridão
Você descansará como qualquer outro ser
Talvez suba em uma escada que brilhe inocentemente
E eu desça o abismo de lágrimas, dor e solidão
Mas saiba que se eu cair, cairei com o maior dos sorrisos
Porque de todas as mentiras que foram contadas, eu fui a mais sincera que respirou

Pai adotivo dos que buscam Tua ira mais sombria
Teu rancor cintila no âmago dos que amam a guerra e a destruição
Faz da morte a árvore da ciência
E na devassidão a inglória das almas podres
E em tais ramagens faça Teu reino imortal
Devorando cada centímetro de orgulho destes corações

Apenas servos vejo dos que dizem ser Teus filhos
Alimentados com medo disfarçado de respeito
Mas eles ainda têm fome de mundo e vida
Essas almas querem viver podres para nunca morrerem ricas
Porque amando Tuas leis, elas se salvarão do preço do pecado
No fundo todos sabemos, nada amam a não ser elas mesmas

Faz da Terra uma grande furna obscura
Enquanto assiste calmamente da Tua morada
Deturpando nossos próprios Édens imaginários
Reservando o Teu jardim suspenso a Teu próprio egoísmo infame
E não vê Teus Serafins sucumbindo ao desejo
Preocupado apenas em condenar este planeta
Condecorado com maldições e infortúnios
E por fim tem sempre alguém a ser culpado
Culpe o pobre portador da luz
O alado dos lugares mais profundos
Porque tem sempre alguém a ser culpado

Do Teu Reino nenhuma coroa pode cair
Rei intocado pelos gritos de socorro
Não quero Tua ajuda se da minha alma quiser ser dono
Deus que vive acima de mim, desça e olhe em meus olhos
Curva-Te como um dia quis dos meus joelhos
Porque de nossa existência nada há de muito diferente
Nascemos do homem e ao homem retornaremos

Como o pó que das estrelas fulgura
Não haverá magia entre nós
Bem como não há perfeição
Então não julgues atos de liberdade
Como se fôssemos crianças cruéis
Pois esta crueldade vem de ti

De Tuas mãos recebi apenas acusações
Acompanhadas pelos gritos de Teus pequenos deuses
Não me perdoe, não cometi nada de errado
Somente dias perdidos tentando Te ver nos corações mentirosos
A cada ovelha perdida, um pedaço do céu a mais
Eu estou perdido e não quero que Tu me salves
Venda minhas nuvens aos devoradores famingerados
Deles que vem o azul do alto
Eu quero apenas permanecer inteiro dentro da minha decadência.

Por: Bruno Borin Boccia e Maykel M. De Paiva

Breve comentário: Mais uma vez reunimo-nos para mais um poema, salientando que evocando o espírito da literatura ultrarromântica e maldita, evidenciamos a eloquência e ausência de pudores dos nossos mestres.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Eu quero te ver...


Sinto o sol de inverno invadindo minhas pálpebras fechadas
Uma silhueta cercada de penumbra me aguarda a acordar
A continuação da história é refletida na primavera dos sonhos.
Se eu acordar... eu irei te ver?

Este adorado e doloroso sonho arranca o meu coração
No silêncio umidecido pelo orvalho noturno
Mesmo que a tristeza eterna me leve.
Se eu chorar... eu irei te ver?

Envolvido pelo cheiro das rosas está o labirinto das memórias distorcidas
Ah se eu pudesse realizar apenas um desejo
Gostaria de que o tempo fosse preso por teias de aranha
E as lembranças que envolvem você
Fossem guardadas numa caixinha de prata.
Se eu dormir de joelhos encolhidos... eu irei te ver?

Minhas lágrimas frias procuram pela sua luz
Que me diz um leve e inseguro adeus
A escuridão me bloqueia até você
Minha saudade foi bordada à mão.
Se eu me render... eu irei te ver?

Estas pequenas palavras dançam uma valsa para você
As palavras sussurradas escondem-se na melodia
Meus olhos prendem-se à memória dos seus lábios
Mas meus ouvidos continuam mudos
Eu preciso te ver...

Sem rumo
Eu vou costurando minhas dores
Por entre os fios vermelhos do destino
A eternidade com a qual eu sonhei
Nunca florescerá, encoberta com cinzas
A minha agonia rasgada é uma borboleta invertida
Mesmo se eu morrer... eu ainda desejarei te ver...

By: Bruno

sábado, 16 de julho de 2011

Quatro Estações


Minha voz apenas não a alcança, deslizando através das minhas mãos
Minhas lagrimas não caíram ainda, apenas pensando em você
Estico meu braço em vão para captar o seu amável calor
Neste destruído céu nublado minhas memórias vão se conduzindo
Como um manto bruxuleando em direção a você

A vaga luz da lua que antes sombreava meus sonhos
Agora dá lugar a algo efêmero, parcialmente adormecido
As faíscas vermelhas estão desaparecendo distantes
Eu desejo que você me abrace gentilmente
Com suas lembranças voltadas para a Terra
Para não serem engolidas pelo céu

Onde a luz a conduzirá?
Cobrindo seus olhos, uma gota radiante cai
Agindo inocentemente
Dispersando a tristeza de modo fugaz

Use as minhas dores para esquecer as maldições
Como pétalas espelhadas pelo destino em transe
E espere pelo verão anunciar-se pelo sol
Sua respiração se tornará quente de novo

O outono não realizado suspira lágrimas
Que derramam em forma de sangue
E são carregadas por um vento estremecido para longe de você
Formando uma decoração passageira

Finalmente onde terminam os ventos
E as árvores ressonarem melodias primaveris
As flores agitadas se empilharão como se derramassem
O som da flauta será absorvido pela cerejeira chorosa
Formando um arco entre nós e veremos o pó das estrelas cair como neve
E junto com a estação eu desfalecerei para que você viva eternamente
Minha sombra vagueará em torno dos seus sonhos e os fará reais
E você estará em sua beleza completa nesta primavera que virá!

By: Bruno

Spleen

Lutando contra algo sem motivo algum
Esquecendo o que deveria ser lembrado
E lembrando o que deveria ter da mente obliterado
Correndo atordoado para lugar nenhum

As gotas do meu sangue caem no caos do oceano
Como a areia cai de grão em grão dentro da ampulheta
O tempo não passa, seu efeito é inamovível e não me afeta
As ideias vão se acabando, o mundo parecendo tão leviano

Até mesmo minha razão blindada
Se apaga de vez em quando, e como um templo em chamas arde!
Agarro-me a um pequeno fio vermelho antes que seja tarde
E a noite se agarra em mim em sua forma alada

Acordado durante o luar silencioso
E dormindo sob o sol enganoso
Me rendo ao gosto do ópio caleidoscópico
Que mesmo ausente cumpre um papel psicotrópico

Os fatos torcem-se e repuxam-se
Espiralados em confusão e seguem dançantes
Estou cansado, dores no corpo e na alma sacolejantes
Não sonho mais, apenas na cama inertemente acanho-me!

Em horas menos graves me agarro em futilidades
As horas se tornam impropícias e improdutivas
Hei de me afogar em atitudes adolescentes e imperativas
Jamais vou me entregar ao gosto da trivialidade!

By: Bruno

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Caído


As lágrimas que meu sangue morto ostenta
Queimam vermelhas selvagemente
Se eu esquecer o ódio, o amor
Minha existência será vazia

As estações têm passado tão obscuras
E mesmo que o frio seja tingido com piedade
Eu não vou me render
Não há conclusões neste pequeno vórtice de pensamento
Que sorri acusando a tristeza e derrete como uma nuvem

A felicidade da impureza é tão profunda quanto um grande rio
A dor, a impureza, o sacrifício
Quero que cravem a impureza da minha vida em minha alma
Toda a laceração, o ódio, a tristeza, a vingança
Nem mesmo a luz derramada como mentira
Me faria esquecer o que é imutável
Este tormento é certamente intocável
Já não posso cumprir as promessas enferrujadas que fiz a mim
Juras de uma vida que cai secretamente na escuridão

As lágrimas que meu sangue morto ostenta
Minha existência será vazia
Recuso me tornar algo inexpressivo
Como uma flor que já nasce murcha
Indigna e imprópria

Até mesmo o destino dos Deuses um dia manchar-se-á de vermelho
E desvanecerá pacificamente
Transitoriamente selado, dará lugar a outras eras
Eis o modo do tempo encobrir as esperanças inalcansáveis
Manejadas através de um grande precipício
Coberto com um manto de chuva...

By: Bruno

domingo, 10 de julho de 2011

Despedida

Os cílios do futuro intimidam as pálpebras da escuridão
A luz do luar friamente ilumina o desespero criado
Através da noite vou coletando seus silêncios arrancados
Antes que desapareçam em suma devastação

Eu escondo os meus sonhos em meus olhos machucados
Até minhas lágrimas escorrerem despercebidas
Ao lugar onde os amores são concebidos
Se eu pudesse eu te envolveria em meus braços maculados

Eu espero sinceramente que o amanhã traga um novo amanhecer
Com sua doçura, calor e beijos mortais
Quero que me preencha com suas cores divinais
Como a última vez que a lua porá seu brilho sobre nós, a verter

E por entre riscos cinzentos eu partirei
Não há nada por mim a ser feito, apesar, eu sorrirei
Guardo fielmente estas lembranças ternas

Jamais imaginei uma despedida tão causticante
Hei de recusar tua luz infante
Sou um maldito luxuriante, não te quero sob corruptelas!

By: Bruno

sábado, 9 de julho de 2011

O terno vermelho


A sinfonia das máscaras mergulha nesta amplidão
Como é belo beber, os sons, os aromas, as cores
E dançamos entremeados à grandes goles, causando terrores
Um vestido e um terno vermelho avolumam-se neste salão

Mulher impura! Que traga um coração por noite
Em seus caninos dracúleos há sempre uma aorta
Seu ventre guarda os pecados que depois tu os aborta
Mulher impiedosa! Dancemos esta pequena pernoite!

Tua natureza é vaga e simbólica
Óh Lilith, que me puxa para dançar
Logo às portas do inferno a adentrar
Tu és misto de anjo caído e dama metafórica!

Transluz de sua pele rancor e doçura
Como jamais vi em força tão jovem
Porém admitamos, antes que nos reprovem
Nossa alma é tão anciã quanto a estrela mais escura

Nossa roupa resplandece à boemia
Como antes um vestido e um terno vermelho
À combinar as mascaras tornam-se rubras, como um espelho
Mulher cruel! Nunca senti tanta arritmia!

De que é feito seu encanto?
Responda ao maldito que um dia
Haverá de ver de verdade, além das caligrafias
Tal formosura que nos versos eu abrilhanto!

By: Bruno

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cosmos


Durante um tempo as ondas espelharam estes céus singulares
Sua imagem por entre as diversas constelações
Há um segredo por entre as fantasias e ilusões
Quero uma última vez procurar nossos espiralados olhares

Hei de comparar teu brilho ao das estrelas
Pois eis que chego ao outono do pensamento
E minha inconsolabilidade está em agravamento
E o grande sono se adensa pelas frestas da janela

Hei de cobrir o sol com um negro véu
Para que eu pegue o pó da estrela eclipsada
Tornando assim minha nervrura menos esclerosada
Mas saiba que não te vejo como troféu!

Anseio guardar tudo em um pequeno archote
As areias da ampulheta nada efetuam
Nada controla esta náusea cáustica que se perpetua
Feito o apodrecimento da fé de um sacerdote!

Debaixo de uma luz tão baça
Eu direi devagarinho, tentarei não tremer
Queria depois correr sem razão, quando chover
E sóbrio sentir um acolhedor momento que me abraça!

Não quero que isto se resuma a mais um sonho curioso
Mas promete que não rirá do meu esforço?
E eu dormirei uma última noite, sem remorso!
Não martelará mais esse sofrimento, no meu sangue venoso...

By: Bruno

terça-feira, 5 de julho de 2011

Listas

Vou olhando para todas as pequenas coisas que se amontoam em torno da mesa, cadeira e até em torno das linhas do chão, reflito, é mesmo difícil manter uma casa. Quanto mais manter uma mente. Tantos projetos, tantas letras e tantas palavras, eu queria começar um livro, terminar meu caderno, organizar mais de trezentas poesias, tirar pó dos móveis, etc. Mas esta dor não deixa. Não se trata apenas das dores nas costas de agora, mas a dor do cansaço, da vida, da alma, do coração. Nem consigo imaginar por onde começar, o nome que eu não perguntei, o nome que já sabiam sem eu falar, o olhar que um alguém despejou em mim, o olhar que um conhecido desviou, a brincadeira que eu não gostei, o agradecimento que não consegui expressar, o comentário que não fiz, a visita que eu devo, as desculpas que eu invento, as pequenas mentirinhas do cotidiano, enfim, há listas para cada matéria, seja material ou espiritual, conflitante ou amenizada, só não há sanidade para o todo.
Eu queria não ser tão sensível, queria não ter tanto nervoso, embora eu tenha passado tantas náuseas e mágoas, ainda sofro pelas mesmas coisas, até mesmo gestos não percebidos, ou fantasiados exasperam uma grande “asfixia mental”, uma sobrecarga de sentidos em meu corpo. Não sei ser vazio, sei sentir intensamente cada coisa e cada sensação é corrosivamente infectante à minha calma, nada passa em branco e adquire várias tonalidades exorbitantes, reveste, remenda constrói e destrói algo em meu peito. Mas não consigo entender porque não me contento com um irmão dormindo na cama próxima a minha, com a “big sister” que se emproa de expectativas serelepes quando combina algo, e fico sensibilizado com um bloqueio no Messenger ou um olhar desviado de um conhecido. Claro que eternamente agradecido a estas pessoas eu serei, fazem um bem que não podem imaginar a uma alminha tão solitária e rústica como a minha. Mas e se eu morresse? Todos eles ficariam simplesmente para trás, livres de mim, o que realmente aconteceria comigo? Eu me encheria de culpa de deixa-los tristes, ou me repoltrearia em um solitário e egoísta sentimento de liberdade, afinal como disse, eles estariam livres de mim, e eu principalmente livre de tudo o que sinto e de toda essa irritante sobrecarga!

By: Bruno

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Eu não quero te perder

I

Não ouça os céus, seu azul oculta o mal
Não sinta o vento, ele o tortura sendo apenas gélido e vazio
Não tema, ofusca os sentidos
Eu queria poder desmistificar a vida
Torná-la alva e solitária como você a quer
Queria que teus sonhos incomuns fossem apenas balões
Para amarrá-los em teus dedos sem estranheza
Quero te mostrar que suas sombras são só sombras
Se a luz habita a escuridão, então eu quero que segures bem firme
No meu braço que procuraremos juntos
Não há senso no desespero
Apenas feche os olhos e confie em mim
Sei que não sou a melhor compania e que eu posso não te entender
Mas eu quero estar junto
E mesmo se a noite do grande sono borboleteie tuas pálpebras
Eu estarei para afastar o horror que corrompe seu momento

II
Você não entende que teu futuro jaz ao resplandecer do sol
Que brilha mil fulguras em teu coração de poeta
A pequena chave para teus mistérios está entre passos na névoa
Mas você deve dar estes passos, lembra- te que estou a te dar forças
A lua não se sentirá ofendida, ela usará as estrelas para te guiar
Mas é uma jornada que mesmo pequena terás de trilhar
Tu que um dia por engano leu-me
Sabes agora que eu desceria aos abismos para não te perder
Uma alma tão saturnina como a minha tem tanto a aprender contigo
E você nem imagina
Falarei até que meu vulto desfaleça
Eu não quero te perder!

Dedicado a Maykel M. Paiva
By: Bruno

Nausea and shudder


A noite passou despercebida pelas estrelas
Não posso respirar adequadamente
Em meio aos olhares, abruptamente
Reservados a mim, sob corruptelas

Procuro uma posição menos revirável
Em meio a lençóis amassados
Meus nervosismos foram de novo albergados
Tornando meu estômago apalpável

Uma dose de bromoprida e um vinho
Seriam meus desinibidores ideais
Mas não consigo evitar anormalidades acidentais
Minha pequena cautela se torna um fino espinho

As sextas não deviam possuir sobriedade alguma
É mesmo uma pena ser tão entregue aos sentidos
Desnorteantes e esfoláveis, sempre coligidos
Assim não há alegria que se aprume!

Quanta pena do meus ossos desarticulados
Não admito ser um humano vulnerável, credo!
Oh forças vis, poupai, não sou brinquedo!
Não estou numa dança de números quebrados

Na alta alucinação das minhas cismas
Uma saliva infeliz percorre minha muscosa bucal
É o amargor do desespero, injúria abissal
Quisera logo romper um aneurisma!

Certamente há algo que me castiga
Repuxando tais inseguranças
Em minha garganta, formando tranças
Quando busco calma, é algo que mais fustiga!

By: Bruno