domingo, 30 de janeiro de 2011

Raison D'être

Sou criatura
Sou homem
Existência cheia de desejos
Cheia de satisfações e frustrações
Tenho deveres, Tenho direitos
Tenho opiniões, muitas delas imutáveis
Outras tão flexíveis quanto gelatina
Áspero, mas não amargo
Ser entre humano e não humano
Insone, ser da noite
Ébrio às vezes
Sóbrio tanto faz
Existem vários eus
Mas só um é real
Só um é adaptável às pessoas
O resto, bom...
É um imaginário complexo
Produzido de meus poucos recursos
Muitos seres na mesma mente
Alguns com ideais, outros sem
Apenas vagando por entre escuridões
Mas todos sabem a importância da razão
Da vida
Se é que existe algo assim...

By: Bruno
Des souvenirs, tu sais j'en ai tellement
Para cada uma, um par de lágrimas
A cada olhar para trás
Lembro de todas as coisas que coletei
Todos os fragmentos da felicidade que você prometeu
Que não podem ser avistados agora
Embora eu feche meus olhos e pense fortemente neles

Tous les jours se ressemblent a présent
mas não me arrependo
deve ser melhor assim
Do que preso em um véu de ilusões
E por trás uma mente desamparada
Quero jogar fora o passado que eu criei
E ser tocado pelas superfícies curvadas de todos os eus que eu vejo sem você

J'reve les yeux ouverts
Agora eu quero partilhar as coisas que planejo
Sendo segurado gentilmente
Por mãos oriundas de um futuro perfeito



By: Bruno

Crime e Punição

Num mundo tão cheio de belezas
Até as mentiras são ditas
como se fossem saudações
Em um castelo temporário
Cubro-me de uma areia cristalina
Tentando esconder minha covardia
Mas esta se espalha de dentro para fora
Minha mão hesitante está manchada
com sangue ainda quente
Não meu, mas diante de olhares
Fingirei que nada acontece
Nem tentarei tirar a mancha
O pecado uma vez feito
Estanca na alma um ardor irritante
Provavelmente amanhã haverá uma pausa na chuva
E então sorrirei para a utopia que tenho desenhado
Com o carmessim do meu pecado
E cria-se uma nova memória
Com espinhos longos e finos
Eu escuto uma melodia melancólica
Em face ao noticiário mudo
De onde vejo meu rosto
Reconheço-me
A sociedade procura-me
numa situação de crime e punição
Devo jogar meu corpo vivo fora
Antes de ser pego?
Abandonarei toda a esperança
Como pétalas que caem
Enquanto serei obrigado a
uma repetição sem fim de meus atos
numa situação de crime e punição...

By: Bruno

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Letras e suor

O livro paira aberto
Mais uma vez minha mão
Desenha letras incertas
Sobre coisas que eu não sei realmente
Agonizo ao relento do ambiente
Me desfaço em suor e palavras
Hei de escrever sobre você?
Hei de escrever madurezas?
O mundo gira mais vagarosamente
dentro desta caixa metálica
Quem dera estar entre as árvores
Sob suas confortáveis copas
Calmamente contemplando-te
Com meus olhos sujos
A caneta falha diante desses devaneios
Óh sol tão necessário
Todavia tão impróprio
Nesta cidade empoeirada
Tenha piedade, ao menos somente de mim
Não peço-lhe nada
Nem vida, nem morte
Nem luz, nem alienações...

By: Bruno

Escada rolante

A escada produziu um degrau para mim
Subo, parto desaceleradamente
Não volto mais
A catraca violenta
Me coloca abruptamente
Para meu destino,
Para minha morte
Que de fato não ocorrerá hoje
A escada continua
Colocando vagarosamente
As pessoas às suas direções
calmamente mais próximas aos seus destinos
E a escada? Bom...
Ela tem um ritmo só dela
Contínuo, constante, indelével
E assim ocorre o encontro
De todos, com aquela escada
Rolante...

By: Bruno

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"O universo parece infinito, mas ele na verdade é bem pequeno e limitado, o seu universo se restringe a tudo que toca, e tudo o que seu ponto de vista traduz para si."

By: Bruno

sábado, 22 de janeiro de 2011

Lugar bucólico

Humanos; me levem a um lugar bucólico
Onde haja bichos selvagens e culturas esquecidas
Me dirijo à janela, e vejo o cinza do céu
Misturado ao cinza da cidade
Cansei dessa coisa monocromática
Que denomina-se civilização
Quero o verde, quero o indomável, o temível!
Não acredito que humanos; vos esquecei
da natureza; mal reconhecem uma árvore
Presos em seus escritórios, metrôs, casas
Não é em vão que a natureza tente retomar seu lugar
Mas vossa memória é curta senhores
Tragédias repetem-se inúmeras vezes
E nunca as memorizamos
Vossa teimosia leva um preço alto junto não?
Por isso recuso-me a conviver com todos vocês,
seres que nunca aprendem!
Humanos, repetirei-vos, me levem a um lugar bucólico....
Já não logro mais dessa civilização incolor!

By: Bruno

Sinfonia da Cozinha

Espremo limão
limpo o peixe
é a sinfonia incerta da cozinha
uns cortam tomates
outros em lamúrios cebolas
ao som de uma banda japonesa
cozinhamos ébrios
Limão é necessário
Outrora ninguém
é obrigado a sentir
o fedor constante
do peixe do qual nos alimentamos
Ávidos por omega 3
pausamos para um descanso breve
Cozinhamos tão a procura de nutrição
Mas nutrimo-nos verdadeiramente de pocky
Embora cheiramos a peixe
Os gatos chegam a pensar
Que somo peixes
Se indagam se podem nos comer
Seria possível?
O gato cheira a mulher
Que fala com ele como fala a uma pessoa
E conversam
Querem o peixe
Mas se confundem com o cheiro
Ambos pensam ser peixes
Mas de que espécie?
Não sei
Mas pensam
É a sinfonia da cozinha!

By: Bruno

Um livro

Nas páginas amarelas de um livro
Escorrem pequenas letras imprevistas
Tingem-nas com histórias
Desespiralizam contos
Tecem vidas

Minhas pupilas ávidas
Piscam a procura da satisfação
da curiosidade que preenche minha alma
Temo desapontar-me, mas confiarei
Esperarei pacientemente
Certo de que lerei muitas coisas
encantadoras

Levanto meu corpo
e ando em direção ao gato
Este balbucia sons
Só compreendidos por alguém
Que fale o mesmo idioma que ele
Mesmo assim, ele não parece frustrado,
Pede-me comida
Apenas sei, por mera convivência
Nada mais.

Bebo um copo com água
Aguardo aquele livro amarelo ainda
Suas páginas são preenchidas
Rápidas e misteriosamente
Não há caneta, nem ser vivente
Nem alma, nem maldição

Apenas um livro
que se preenche sozinho
Numa alucinação vívida
E inefável!

By: Bruno

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nada além

Trago um semblante triste hoje
o líquido que bebo não me traz ebriedade alguma
Mesmo que eu tente, não consigo carregar
Nenhuma gota das alegrias que eu experimentei
Tão ansiosamente
Eu não consigo acreditar
Em tudo o que por ventura fiquei sabendo
Não fui eu mesmo para apenas descobrí-las
e entristecer-me
Agora teço uma espiral de sentimentos confusos
E enfadonhos, que escorrerão por entre meus dedos
E sumirão um a um
Até que eu fique vazio novamente
Antes que se torne um fardo
Eu deveria jogar meu corpo vivo fora?
Me sinto preso numa gritaria de verdades
Onde nem sequer lembro de como era o som
da minha voz
Quero me transformar numa pequena traça
E roer cada pedaço de lembrança minha
Para que nem eu mesmo lembre
E para que ficasse como se eu nunca tivesse
Simplesmente existido,
pois já não há forças para nada além...

By: Bruno

Fantoche

A felicidade está nas coisas mais simples
Mesmo parado com o sorriso certo
Me sinto bem sendo algo seu
Mesmo que essa sensação desapareça
Na brisa matinal
Me leve aonde for, com você
A cada passo, a cada olhar
O dia passa e certamente
eu irei me refletir naquele seu sorriso

Mesmo que você corte os fios que controlam meu corpo
Vou continuar quieto e esconder o fato
De que por medo de ser um
Dividi minha alma em duas
E esta outra parte
Que se aproxima e depois se distancia
É você, que até sorri para o meu desleixo repetitivo
Sem você eu sou pequeno e desamparado
Mas eu posso dizer fortemente que não me importo
De ficar na sua estante de exposição.

Queria lhe deixar um pedido somente
E se um dia eu me quebrar de alguma forma
Queime o meu corpo
Para que minhas cinzas possam cobrir o céu estrelado que você observa
Com tanta satisfação.

By: Bruno

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A verdade

De tudo ficou um pouco
Da verdade nada se desfez
De todos os gritos e lamúrios
Ela permaneceu intocada
Intocada como um cristal
numa dimensão à parte
A dimensão final: Eis o reino da verdade
Contamina uns e não outros
Especiais se tornam
Acabam por ter um fardo de mistério
Eis o 'saber demais'
Verdade: coisa não identificável
Envolvida em inúmeras circustâncias confundíveis
Ela é apenas uma e final
Certamente a maioria nem chega a tocá-la
Mas como disse há aqueles especiais
Que nada podem fazer além de serem tristes
Por não poderem mostrar a ninguém
Para que nenhum coração seja corrompido
E nenhuma alma estraçalhada.

By: Bruno

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Minha ignorância, vossa ignorância....

Serei sempre um louco dando ilusões de calma?
Há muito, o meu velho eu duvidaria de toda esta nova faceta
Jovem que escreve tamanhas madurezas
Sim este eu está aqui entre nós
E não será abandonado tão abruptamente
Minhas experiências se multiplicam
assim como minhas memórias fluem pelo meu corpo
Afim de habitar um cosmo superiormente infindável.

Eu como ser incoerente ao meu mundo
Não posso colher de seus mistérios
Dotando-os de significação
Sim vós humanos somos tão ignorantes
E vossa ignorância fluiu tão inextirpável
perante todos estes séculos de uma chamada evolução científica
Seria isto puramente ilusão?
Hei de ser mais um humano a acreditar
em alguma sobrenaturalidade
Afim apenas de ser "normal"

By: Bruno

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uniforme de colégio

Perco-me escrevendo sobre o passado novamente
Lembro languidamente sobre você
em seu uniforme de colégio
Formosamente entristecendo-me
silenciosamente.
Rumo à escuridão da solidão
Essa quietude proposital é causada
Porque nem todos os sentimentos podem ser
mostrados, ou aceitos
Em dúvida vaguei.
Observando sempre sua silhueta mágica
Que enfeitiçava-me e me fazia pensar
Que não havia futuro
Estava perdido em um céu de ilusões
Não, eu não poderia ver esse amor
Que no fim resultou em apenas uma alma
fragmentada
E penso novamente que se um futuro incerto vem;
É melhor relembrar de coisas que uma vez me
fizeram ter alguma certeza
Certeza essa, tão inexata quanto a fluidez do
próprio tempo
A existência da minha vida é irrelevante perto deste
incomensurável universo
E é por isso, que é muito mais fácil
Apenas pensar em você
Em meu remoto passado
Onde você ainda vestia
Aquele uniforme de colégio
Do qual eu gostava imenso.

By: Bruno

Sinto que voltei ^^