domingo, 27 de janeiro de 2013

Moon between clouds, Flowers in the wind


In the little exasperations of the daily life
The moments ocillates in the moon's condolences
That mouns a discontinuous melody
In a moment sliced by the lonely flowers

Strolling passionatelly, guided by the wind
Intruding themselves in the eternal gleam
Of the clouds twisted, becoming engravings
Of the feelings that intertwines the existence and the time

And then the conjecture of these unusual falsetto,
Scattered notes, mists, arias, ethereal drippings
Old religions, bitter inspirations and gnawed arpeggios
Are an gift that Existence presents with sinister bouquets

The time who followed that caress of the flowers
To the moonlight blissful, that involved that rotten love
This doom evidenced by life and its many colors.

By: Bruno

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

À São Paulo


Cidade ausente de silêncio

Cidade quente de novidades

Cidade das luzes ofuscantes
E das chuvas ululantes

Cidade das formas cinzas
E das ruas sujas e de passos ranzinzas

Músicas e gritos dos botequins
Misturam-se aos ventos dos diminutos jardins

Ruas sem saída que viram pombais
Belas casas que não posso esquecer jamais!

Orvalho goticulando um arcoíris invertido
Nas telhas e nas folhagens, parece divertido!

Doces vozes e comportamentos esquisitos
Sob janelas fechadas e paredes espremidas

Dos pérfidos contrastes o alento

Na cidade que acolhe as desigualdades.

By: Bruno

domingo, 20 de janeiro de 2013

Balada das palavras dos tempos de outrora


Sintaxe: bata as asas e alça teu voo
 E pia trazendo na manhã as palavras
 Dizeres das pupilas mais puras e alvas
 Jubilosas plumas gramaticais
 Que me contam anedotas irracionais
 D'outros tempos, outras vidas
 Todas pesadas sinas
 Violínicas melodias,
 São suas ricas biografias
 Que me trazem deliciosa melancolia.

Morfologia: Desconstrua dadaísticamente
 A mitologia dos poetas, loucamente
 A façanha dos autodestrutivos
 A genialidade destes autoconvalidativos.
 Pudesse eu ao tempo Vitoriano retornar
 E o vinho das tavernas obscuras experimentar
 Ser testemunha dos versos que admiro tanto
 Laivar de blasfêmia os cantos sacrossantos
 E assim fazer uma oração à minha moda
 Dedicada às palavras de outrora!

Fonética: Venha-me aos sussurros
 Me encher de lascívia e de inspiração
 Para a constante experimentação
 Que se queda aos urros
 Nos yesterdays contemporâneos
 Dos brotos azedos dos gerânios
 Cheios do sumo alcaloide
 Da ortografia androide,
 Camaleônica pós-moderna
 Permanente mesoderma
Da atualidade.

Etimologia: Senta e me conta os detalhes todos
 Das origens das palavras, das parlendas
 Dos costumes e até das vestimentas
 Que narraste junto ao pranto épico
 Das harpas, cítaras e biwas
 Que teus pequeninos olhos via
 Enquanto o léxico;
 Na medida em que tu enchia estes teus olhinhos,
 Dardejava inúmeras insinuações
 Em suas cativas figurações
 Sobre a vida privada
Da era passada!

Literatura: Abra as comportas da tua represa
 Despeja em mim todos os sete mares
 E do lirismo, todos os prolíficos ares
 Para formar minha pseudocerteza,
 Assim, mesmo sob as constantes recaídas
 Do meu coração, eu preserve a dolência
 Das Damas avistadas nas jornadas idas
 Neste meu retesado peito
 Que sempre há de mudar de leito
 Enquanto a alma danada de Amontillado
 Sente a presença do vulto atiçado
 Segurando a frágil candeia da inspiração.

By: Bruno Borin

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Exumação


I

Abre-se o caixão onde repousava
Uma alma qualquer que pelo mundo andava

Mexe-se calmamente na ossaria
Sem nenhuma romaria

E então remonta na mente
A memória penitente

De uma vida passada
Por lágrimas acalentada

Corpo acometido de terrível doença
Recebeu do destino uma dolorosa sentença

E o seu perfil se torna um saudoso vulto
Como santo de altar esquecido, sem culto

E eis que de imaginar não evito
Perseguido pela minha sina de maldito

Retumbando um clima incisivo
Bordado pelo pensamento do ausente infinito

Então entendo que meu peito mais dilacerado
Não fica, permanecendo eternamente exulcerado.

II

Sim, já ouvi um vez a Tua trombeta
A ecoar pandêmicamente pelo planeta

Como o suspiro que me prostro a imaginar
Por qual mar seco, por qual árida terra, irá ecoar!

Tu que encaminhas aqueles que na luz padecem
Tu que persegues os vultos que desaparecem

Conheço o galopar do teu cavalo baio
Que esparge a cada trote, como um raio

O miasma esquálido da decomposição
Enquanto murmura teus satanismos além da compreensão

E eu deliro com o vislumbre puro
Com a tua sombra costato e me torturo:

A rigidez cadavérica
Da tua fronte esquelética

Boceja arfante
Frente ao fato gritante

Suspirando putrefação
Exalando a contaminação

Dos solos, das águas, das memórias
Sinto do Tigres, do Eufrates e até do Nilo a miséria

Que teus passos mordazes
Causaram, acompanhados de vários Satanases

E assim a tua lida foi, pelo tempo perpetuada
Fardo terrível esse que estás alçado

Tanto tempo neste divagar medonho
Aposto que já não distingue mais realidade de sonho!

III

Cavaleiro eu te reconheço 
Preso no amargo preço
Da espiral cármica
Emanada da energia cósmica

Ciclo inquieto e nada secreto
Eterno porém efêmero
Fonte do teu desespero
Inquebrável decreto

Por isso arfas bocejante
Martirioso, ansioso, pesaroso
O tempo é teu adorno degradante

E tua espada que risca o ar de escarlate
É a única que compreende o teor penoso
Da tua sina em constante disparate.

By: Bruno Borin

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

L'amour


Florescendo em nuvens de âmbar
Uma flor do jardim de luz,
Que se transforma em asas brancas
E cai suavemente sobre os ombros
Escorrendo carmesim
Sobre cada quimera cancerosa
Contaminando-as gota a gota
Com o canto dos cantos
Uirapuru quase Irapurá
Das matas do coração
Gemido das folhas da floresta
Suspiro ditoso das estações
Febril êxtase langoroso
Cansaço amoroso
Singular aventura
Quixotesca e com certeza
Dantesca
Olhos turvos
Bochechas rosadas
Lábios selados entre si
Para cada jura sussurrada
Há uma pétala dessa flor
Correspondendo a cada rubor
Das faces, dos corpos
Acalentados, destinados

Ó flor que me move todos os dias
Flor que me dá poesia
Seda dos vestidos das donzelas
Rio das Náiades mais belas
És lírio, margarida ou camélia
Até mesmo pode se tornar raflésia
- Com quanto dos seus encantos eu sonhei
E ao acordar, em pranto me acabei?

Tens um nome, mas prefere os vários que te dou
Em minhas inúmeras idealizações
Que meu solitário coração de bom grado acalentou
Sem qualquer tipo de reclamações
Gosto do seu nome mas confesso que prefiro
O mistério dos seus espinhos, com os quais eu sempre me firo

Eis que vejo na minha trova confusa
O resultado desse feitiço arcano
Que cintila de além da sombra profusa
Emanado dos corações dos anjos profanos

No frêmito das suavíssimas belezas
Dos ponderados substantivos
Faz-se, trajando-os de ermos adjetivos
A tentativa metafísica de colorir a incerteza

Que desponta das minhas vogais
Extendendo-se às complicadas consoantes
Enxertos de sentimentos talvez banais
De venturas talvez não tão brilhantes...

E o aroma do chá que me surge na memória
Urge na sina merencória
De lembrar que o amor, como Camões falou
- Um contentamento descontente
- Uma dor que dói e não se sente
Se parecem muito com bipolaridade e lepra
Entretanto...
- É nossa fagulha, nosso combustível. Qualquer ser vivo sabe disso.


O Fogo Negro


O fogo do Deus negro queima bruxuleando a blasfêmia fecunda
Andrajo fogo que crepita em madeiras invisíveis
Fumaça ditosa dispersando imunda
Os ares de fé e esperança corrompíveis

A dourar a carne viva com essa infame flama
Despertando o orgulho da pestilência
Sem qualquer posterior penitência
Sigo proclamando tal labareda, como quem declama,

Recitando com a suave dolência da cítara
A eternal brasa carbonada
Da loucura materializada
Canções que cortam o ar como cimitarras

E assim a glória suspeita deste fogo
Contamina os ignotos céus, tecendo maldições
Reagindo quimicamente com as puras elevações
Resultando neste decadente monólogo.

By: Bruno