quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ah...


Ah doce humor
Do sopro embalador
Da brisa fria sobre as casas
Faz levantar as pequenas asas...

Ah dolente doçura do sons da passarada
Provoca um miado e uma porta arranhada
Afastando as imagens das florestas de pinhais
O gato nos monopoliza com suas artimanhas fatais.

Ah cores sóbrias a serem pensadas
A tingir um cômodo ou dois à maneira
Da vontade ébria que vê a cumeeira
Sem compreender as formas lá arquitetadas.

Ah labuta, devorando impaciente as semanas,
Marteladas, pinceladas, transpirando dedicação
Ao enlace dos cheiros que emanam
Suspendendo a respiração.

Ah céu vago da cidade
Visto como uma negra tela,
Das sujas janelas
Onde você colocou as estrelas?

By: Bruno

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Decepção às margens do Jaguaribe


Quando Tupã se faz absoluto
Personificando a trovoada abrasiva
Que faz a revoada fugitiva
Tentar de tudo para evitar seu tributo

Senti do céu a etérea tribuna
Remoendo do crucifixo, a catequese,
Trovejando no céu a infame exegese
Das lesionadas indígenas runas

Sob o aroma almiscarado da imaginação
Arfante enjoo em brasa a condoer o ser
A tecer sobre a fúria desse Deus-trovão
O ritmado estrondo do seu alvorecer

Conforme a natureza padece inapta 
E nós sem lástima a vemos como uma tela
Distante e grossa, a sua beleza inda rapta
Nossa alma silenciosamente, posto que é dela;

Titã Gaia a abrigar sem nos dar consciência 
De estar nos abrigando, sem reclamar 
Da vã irreverência
Da vaidade das cidades que estão o céu a arranhar

Ele percebe com sua onisciência natural
Que o ser humano que era tão transcendental
Não é nem a sombra do mais simples musaranho,
Suas lágrimas riscam o céu como chuva de estanho

 Deve doer tanto
Um coração antes extasiado
 No entanto
Hoje meramente catequizado
 Perdeu o encanto

 E chove lá fora
Como chora o coração
E ninguém nota a lânguida emoção
Desse Deus de outrora.

By: Bruno

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Via Infinitum


O prisma das asas das Drosófilas
Refletem os meristemas dos sôfregos
Sonhos que preenchidos de ideais cegos
Prendem-se a um ciclo de vontades necrófilas

Sem jamais encontrar sua eclosão
Forram o chão de distrações compulsivas
E desmancham com as pisadelas efusivas
Como moscas, atraídos pelo nefasto lampião;

Juntando-se ao fado da triste poeira que habita
O mesmo chão, eterno lamurioso, alvo do eterno tormento
Testemunha dos imortais mistérios, mas sem argumento
Para provar que viu quedas, viu o caminhar dos sonhados eremitas

Sem nunca ter palavras para expressar esse intangível,
A estranha música que percorre os ouvidos do universo
Mística cadência rítimica a escorrer por entre os dedos de um verso;
Nele também ocorrem as telúricas cerimônias inexprimíveis!

Tocando os céus com seus relevos cordilheirais
Cansado da voz dos ventos, coitado! Não tem asas para sentir
A natural entoada das tempestades serpentinas, ou o próprio vento bramir
Sua voz tenórica como a dos oceanos, que o tocam com seus mantos colossais

Porém tua alma turva, tua grande alma natural
Por mais que foste semeada com pranto carnal
O pranto de sangue do fastigioso punhal
Não foste feito, meu querido chão, para apreciar a boreal
Certeza das planícies fecundas e verdes, gritadas e cheias de leite
Das marmotas ao pleno palpitar de seus corações, ao deleite

Dos delírios do universal espírito, do qual emana, tenebrosa paz
Criando assim, como se testemunhou, sombra e luz infinita
Sendo que, constatado, a luz caiu, orgulhosa e inaudita
Caiu e o alvo foi tu! E ninguém se ocupou com a calamidade que caiu e feriu-te fugaz!

Ó semeador de passos, de nós plantas e de tocas para as pequenas vidas,
Presente em todos os mundos! Ó eterna lei da inquietação mundana!
 – Como o entendo, quando por força do homem, cai uma árvore soberana!
Imagina o quão perdida é, desde um broto até a alta copa, tal solene ida...

 – Eis a opinião das árvores centenárias, sobre o chão que habitam...

By: Bruno