sexta-feira, 27 de maio de 2011

Paradoxo da areia


Vagando por entre experiências de mundo
Me deparo com uma surpresa que emudece
Minha boca a rir, infantil, arroxeia-se e empalidece
Maçãs verdes tem gosto de areia, descobri a fundo

Comi uma duas, quatro e sete,
E tudo fantasiosamente estava embriagado
Perdi no infinito um poema e outro nasce neste embargo
E me furei fastigiosamente com um canivete

Precisava acordar, pois dormi sob os cílios da fantasia
E se despedaça outro eu que antes não sabia da maçã com gosto de areia
A retórica fica longa e causa estranheza e repúdia
E não seria equivocado somatizar areia com aveia!

Preciso de mais ideias para acordar minha alma
A estupefata surpresa das maçãs me foi certamente notória
Mas talvez um maldito como eu precise de amor e calma
Entretanto o vermelho da morte exprime sua oratória

Os anjos jamais ficaram tão espantados
Embora eles não existam de fato
Eu tenho de ter meu fim antes que eu pague o pato
E o sol lacere o meu peito escancarado

Fico imaginando que outras frutas tem sabores de areia
Enquanto em cima de um barranco ela sapateia
Quem seria aquele vulto efêmero
Portando um lacrimatório e uma foice sem gênero?
La mort est sans cesse plus étroite!

By: Bruno

Dedicado à nova amiga Raíla, minha companheira poética!

Um comentário: