quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Le Bleu de Tes Yeux

Se me lembro bem, quando o sol das manhãs invadia meus delírios
Era quase perfeito, azul e vermelho nadavam juntos porém distantes
Não importava, os poucos outonos, os poucos invernos me eram muito marcantes
E nem mesmo uma grande geada fazia mal aos meus pequenos lírios

Os ecos de felicidade que me eram despejados a cada dia
Nem imaginavam os desesperos que me aguardavam ansiosos
As ilusões disfarçavam o sofrimento confinado de um coração ocioso
Uma admiração tão obcessiva que até sua ausência se tornava minha compania

As folhas levadas pela ventania denunciavam duas vidas tão separadas
Unidas por um único devaneio sorridente e amoroso
Mas o destino sabe ser gentilmente tenebroso
Um monastério arquitetado de visões surreais de certo modo amaldiçoadas

Eu navegava por rios impassíveis
Sempre me sentindo guiado pelo azul dos teus olhos
Sempre por invernos à deriva e como um burburinho as emoções em molho!
Os amores sempre me foram os transtornos triunfantes mais impossíveis

As consequências de prolongar e conter estas loucuras fermentadas
Fragmentando uma aurora exaltada dentro da minha fibrose cardíaca
Criando em meu ente uma ressaca rutilante e maníaca
Iluminando meus gritos e dores escaldantes por primeira vez visitadas

Sonhei por meses a fio te abrigando a bordo dos meus desejos oníricos
Os sóis de prata naufragavam no oceano que eram os olhos teus
Mas o que mais doía era o esmagador acordar, um desavisado adeus
E meus dedos se desgarravam da sua mão quente, mesmo nem sendo um fato empírico!

Sigo apagando os traços de um barco de algodão
Ah como o amor é uma grande conspiração
Mesmo atualmente ainda me sinto imerso no seu langor
Suas ondas remetem ao passado e a um futuro crepuscular e agressor!

O sol por vezes é tão amargo e a lua tão ébria quando se mascaram
Deslizando por troncos podres os vinhos amparam
Certamente amparam ao poeta, mas as feridas nunca saram
Nem as visões daqueles olhos cessam
Mesmo que eu me apaixone de novo e de novo...

By: Bruno

3 comentários:

  1. Belíssimo o poema, de um lirismo fantástico, crias uma relação de figuras de linguagens tão relacionadas ao que sentes no momento da poesia que impressionas, muito bom Le Poète Borin rs,

    um cordial abraço.

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  2. O que dizer?

    Venho bastante ao seu blog, sempre leio seus textos, mas aí um dia você acorda e diz:"hoje vou surpreender"... e surpreende!
    Fico pensando em quanta coisa nos é empurrado garganta abaixo, enquanto grandes marcos da literatura ficam omissos.
    Escreva... escreva sempre, porque o mundo suplica por boas palavras.
    O texto é maravilhoso, lindo... a altura de grandes declarações! Palavras delicadamente selecionadas que dão um ar misterioso e lírico...
    apaixonante!

    Meus sinceros parabéns...
    e continue, você está no caminho!

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  3. Nossa obrigado mesmo por lerem e comentarem, continuem visitando ^^

    Abraço =) - Borin

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