sábado, 20 de agosto de 2011

Vox Arcana

Recordamos com muita ironia
A gramática querida e sua serventia
Resolvemos mudar em data patética
E é incondicionalmente uma forma herética
De devotar nosso aprendizado aos poetas
A desonraria que hoje nos abjeta

Beijamos a sonsa matéria
Ofendemos o papel com protótipos errôneos
Mascarados com feixes de luz cinéreos
Apenas ofertando a inorgânica abundância de miséria

E como um vassalo parasita
Retiramos nossa individualidade saudosa
Tais vocábulos um dia abençoados por Vinícius de forma airosa
Que dirá Drummond com sua ode infinita?

Partilhando a ignota semelhança, os pseudoportugueses
Não mais se utilizam de hífens e alguns acentos
O que faz de nós poetas; antigos neologistas sem alçamentos
Minha indignação prova que não somos da ortografia meros fregueses

Estou pleno do medo que me dei
Meu coração não se iluminaria por mudanças ditas fúteis
Continuo o mesmo poeta e com os vinhos me deleitei
De forma queimante a gramática digitalizada me traga com pérolas inúteis

A sânie ulcerosa da nova liberdade de expressão
Porá tudo em bordéis desenhados à moda modernista
Enquanto Satâ Trimegisto* opera como nosso grande maquinista
O trem que borda seus trilhos através de ígnea alusão
Ao inferno na Terra desenhado por nossos lamentos blásfemos!

Bom tenho a graça de terminar isto de forma a grunhir
Os improprérios ébrios que fulguram minhas entranhas
Como um anjo que risca o céu, por entre montanhas
Procurando a volúpia ideal, um festim verdadeiramente demoníaco
Sem precisar das formosas letras que um dia para nós formaram um Éden paradisíaco!

Je ne sais pas ou c'est incroyable
O fato de ser errante ou acadêmico
Ce n'est pas possible
Uma vez evidente que não sou bom anjo e nem bom humano!

By: Bruno

Satã Trimegisto: Cognome do Deus Grego Hemes, que os Gregos davam também ao Deus egípcio Tot. Trigmegistos (Grego Tri: Três vezes e Megistos; Máximo)
Máximo como sacerdote, como profeta e Rei. Citado inicialmente na obra de Baudelaire; As flores do Mal.

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