terça-feira, 30 de agosto de 2011

Gabapentina

Sem nenhum sentimento definido
Um fio de água atravessa o pavimento
Ávido sem se dar conta de sua fluidez natural
Percorrendo e sempre esmaecendo a vida eternal
Bem longe do olhar do tempo e do seu acalento
Por ventura jamais por intempéries combalido

Atravessando infinda escuridade
Também pelos esgotos da cruel cidade
Inclinando a fronte sucumbida
Trai a chama morta dos olhos em contrapartida

Teu fervor ultrapassa um formidável orgasmo
Estuporando algozmente fervor e espasmo
A fala confusa e rutilante se mistura ao canto
Dos pássaros andrajos e do ar sacrossanto

Eis o ópio a ninar com olhar materno
Contendo os dilúvios de dor
Como a mãe a fecundar sonhos resguardados do inverno
Dos filhotinhos escondidos em primor
Bom eis que o pranto torna-se mármore
Enquanto desvencilhamo-nos das velhas árvores
Com o regozijo das flamas mais perversas
Dominando as trevas mais imersas.

By: Bruno

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