sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Uma Mão

Entre o lençol há uma mão que eu amo
Eu não a vejo, mas sinto aqueles cinco dedos espalmados
Aquela transmissão de calor em minhas costas
Ah como eu amo aquela mão por entre os lençóis!

Um tanto áspera mas ainda sim amaciada pelo meu coração
Carrega uma ternura dolente, uma alma doce
Uma mão que sabia o meu nome, que cumprimentava
E que eu sonhava até não pertencer mais a um corpo

Os raios crepusculares enumeram-se em torno desta mão
A fazem sensível à claridade, ao dia que não queria amanhecer
Perder-se entre o cotidiano atormentado e sem sentido
Sem tempo para resguardar aquela paz pequena e desejada da manhã

O coração embriagado passeia neste relance ilusório
No côncavo daquela mão uma estrelinha me encanta
Hipnotiza meus conturbados sentidos com uns doces arrepios
Arritmias, taquicardias, paradas respiratórias, frutos deste romance embaraçado

Minhas noites de agosto todavia, são solitárias e sóbrias
Sem a presença desses líquidos minha mente é enorme remendo sonhador
Seguindo a fio por ramagens outonais em pleno inverno
Desapercebendo o despertar fosfóreo dos pássaros à minha janela
E os voos orgulhosos das libélulas soltas ao imaginário ardente

Mas tudo se resume àquela mão, imaginada, sonhada
Arrebatada por ondas langorosas e sazonais
Desmanchando sob a realidade nefasta
Que põe crianças tristes e agachadas a sonhar muito alto por tão pouco...

By: Bruno

Um comentário:

  1. Olá!
    Retribuindo a visita.
    De fato, as coisas que escrevemos são mesmo bem diferentes; mas aí está a beleza da vida, a dualidade.
    Esse seu poema me remeteu a uma mão que está tudo o instante sobre sua cabeça, lhe purificando os fluídos e lhe carregando as energias (positivas). Um passe de luz.
    Abraço, Edvaldo.

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