quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bel Air


Já não há mais sombra incolor
Que não é subsituída por prédios
Que aos céus se tornam vários assédios
O quanto se perdeu destes céus o alvor?

Eu me deixo persuadir pelas memórias
Enchendo minha alma de um valor puro
Com isso certamente eu desenclausuro
A saudade inflamatória

Que soluça aos prantos
Durante todo o passeio nostálgico
Não há nada nevrálgico
Na nostalgia mais sincera
Que nos cobre como um manto
Neste elegia que incinera

Os corações mais embriagados
Espelhos daqueles vultos que ficaram vagos
Porém jamais olvidados e que pedem para que voltemos
Pelo tempo que foi bom e que agora os querem tão castigados
Mas que se mantém os mesmos a cada trago
Do cigarro e da taça que brindamos e bebemos

A conversa que mativemos os corações amacia
Surge à tona o tempo menino
Bem no meio do soluço escrito
Eis que rompe Machado na fala que à literatura pertencia

Eis que as árvores refletidas no meu olhar
Compõem a rua que eu passei chorando e rindo
Mostrei a mim que o tempo infante era absoluto
O meu retorno àquele lugar modificado é meu grande tributo
Dotado de uma pureza e loucura simplesmente lindas
Assim como todos aqueles anos vividos sem pesar

Aquelas ruas são um jazigo amplo e repleto
Das minhas memórias pintadas à sombra do sol posto
O voar dos passarinhos para mim tem todo o encanto
Conto aqui que recebemos um envolvente afeto
Como foi valoroso este inusitado passeio proposto!
Como a infância que foi louca tem agora um ar sacrossanto!

O infindo balouçar deste lazer perfumado
Embriagou-me de essências confundidas
No asfalto mechas torcidas
De pétalas contrapondo-se ao céu nublado
De novo, aquela rua que cito vertendo-me saudades!

Vejo na saudade desta vez
Grande amiga do meu pensamento
Sinto-a demasiado neste acontecimento
Tomara que seu encanto jamais se desfaça da minha lucidez

Pois eu a faço terna e complascente
Enquanto outros talvez a tratem indiferentes
E portanto jamais perceberão que é um lamúrio do amor.

By: Bruno

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