sábado, 13 de novembro de 2010

Incógnito

I

Nada de produtivo faço
resolvo que escrever sobre
um eu desocupado é melhor
melhor em quê sentido?
Seria uma oportunidade
para um possível questionamento?
Sobre o por quê de tantos elementos
mórbidos estarem tão presentes na minha escrita?
Ou falar sobre um amor que nunca chega?
Estou eu imaginando coisas?
Minha loucura, como dizem, teria me dominado?
Sei que não passo de uma sombra incógnita
esperando ser levada pelo vento arrebatador
O vento que espalhará os milhares de papéis
Que escrevi em meu escuro quarto...

II

Seria errado ter colocado tantas interrogações no verso anterior?
É tão errado falar somente sobre mim por um instante?
Só estou aguardando a sombra apagar o que resta desta
inútil forma humana que adquiri
Não é somente sobre o meu tédio mortal
motivo do meu questionamento filosófico
que queria falar
Apesar que onde está a filosofia disto aqui?
Esperarei por uma voz que mudará meu estado de incógnito
Trará total sentido a este grande vazio
Mas sem nunca remover este tédio mortal
Tédio da vida, vontade de falar sobre foices, unhas diabólicas, abismos
Seria tudo isso mais inútil do que simplesmente ignorar a inspiração?
Ficar numa vida vã é a vontade de muitos
E por isso o talento desaparece
Não quero que tirem a única coisa que até hoje não me deixa pensar
no grande ócio que é a vida humana
Pecado é desdenhar sobre a forma que adiquirimos não é?
Queria saber a razão de eu ser uma sombra incógnita
Esperando pelos elementos naturais
Que apagarão qualquer traço dessa existência dimensional
Qualquer relação que denominam passado-presente-futuro
será apagada por eles, antes mesmo de ser notada
Será isto que eu desejo inconscientemente?
Um fim discreto e rápido?
Imperceptível como sou em existência?
Vai saber...

By: Bruno

Um comentário: