quinta-feira, 14 de junho de 2018

Quadro negro


                                       - Aos amores passados

Na noite riscada de giz
Encharco minha vida
Descuidado com o verniz,
Perdido na grande avenida

Entre tanto sentir, todas as cores
Estavam soltas ao chão, diluídas
A que escolhi: Só trouxe dores,
E meu medo leva à estas cálidas

Telas, que têm a tua tinta
Em meus rascunhos de amor
A lapidar em bela escrita
Algo entre fantasia e dissabor

Tanto poderia desabrochar
O caminho por ti escolhido: 
Foi mais abrupto desmanchar,
Restou colher da falta de sentido

Expectativas quebradas, em rastilho
Se enveredando pelas raízes do sentir
E a primavera, febre, frágil ao bramir
Não deteve seu florir, castigado brilho.

Lábios assinalaram desejo de infinito
Jamais imaginando este durar mais
Que moucos segundos, manuscritos,
Tão perdidos quanto cingidos de gris...

Bruno Borin

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