- Aos amores passados
Na noite riscada de giz
Encharco minha vida
Descuidado com o verniz,
Perdido na grande avenida
Entre tanto sentir, todas as cores
Estavam soltas ao chão, diluídas
A que escolhi: Só trouxe dores,
E meu medo leva à estas cálidas
Telas, que têm a tua tinta
Em meus rascunhos de amor
A lapidar em bela escrita
Algo entre fantasia e dissabor
Tanto poderia desabrochar
O caminho por ti escolhido:
Foi mais abrupto desmanchar,
Restou colher da falta de sentido
Expectativas quebradas, em rastilho
Se enveredando pelas raízes do sentir
E a primavera, febre, frágil ao bramir
Não deteve seu florir, castigado brilho.
Lábios assinalaram desejo de infinito
Jamais imaginando este durar mais
Que moucos segundos, manuscritos,
Tão perdidos quanto cingidos de gris...
Bruno Borin
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