Há encontros delineados especialmente pelo destino, para nos
pôr a pensar. Enquanto havia rostos com expressões diversas, a que era
reservada a mim, era a curiosidade por um discurso singular, promovido por quem
depois eu descobriria ser um coronel aposentado, pelo qual eu manifestei
interesse por palavras tão conectadas à sua experiência pessoal de vida. E
conforme o tempo caminhava sozinho a completar a nossa estadia no mercado, na
fila de um caixa, de modo inesperado continuamos a conversar. Se mostrando um
homem religioso, aquele ser cativou a minha simpatia. E neste momento, invadiu
meu corpo uma sensação de gratidão, por ainda não ser orgulhoso ou cético
demais. Porque mesmo respondendo não ser muito religioso a ele, ele continuou
seu discurso, confirmando a possibilidade de um aprendizado valioso com aquela
situação um tanto inusitada.
E enquanto as demais filas daquele mercado fluíam a nossa
conversa paralisava o tempo, nos deixando separados da fluidez moral da qual o
mesmo tempo que recaía sobre nós, aguardava o momento certo para ceifar a vida
daqueles mais próximos à luz que nós. Aqueles conhecimentos que não convém
compartilhar com quem possivelmente ler, fortaleceram minha alma, e vendo
serenamente aquela conversa, confesso que senti um sofrimento idêntico ao da
alegria de conhecer uma das poucas pessoas que ainda conservam em si uma sensibilidade
anormal, uma orientação exclusiva de notar o que nossas próprias trevas tratam
de esconder de nós mesmos. Como quando alguém descobre que as sombras das
árvores podem proporcionar um abrigo seguro.
By: Bruno
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