sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Errante


Arrastado por grandes clarões lúcidos, desgastado
Acabo me tornando, de tanto vagar pela imunda cidade
Solitariamente sem cantos, ventos, apenas a crua mocidade
Sem nunca esbarrar em algum paraíso perfumado

E os encantos furtivos dos amores primeiros
Brilhando como uma pequena opala
Encontrada por um pobre canoeiro
Que tenta com as mãos em concha aprisioná-la

Se mostram tão fugidios quanto o vasto mar
A ser pintado por fraquejantes pinceladas
Assombros de mãos esforçadas e calejadas
Na vã tentativa de suprimir o desejo do ar

De adentrar nos pulmões arfantes
Retirando a vencida asfixia
Amornando o espírito ardente

Este a pensar que engole o tempo
Enquanto o tempo é que engole
Sua diminuta vida com um véu cinzento.

By: Bruno

Um comentário:

  1. Sem palavras, Bruno!
    Suas obras lembram Rimbaud, Baudelaire, Verlaine, gostei muito de seu estilo e de suas mensagens.
    Blog de qualidade!
    Grande abraço e sucesso!

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