sábado, 17 de setembro de 2011

Amor de mentira

Na pouca claridade de um pálido lampião
Meu coração vagueou breve por um romance
Ladeado por pequenos gravetos de uma árvore morta
Lembrando uma pureza calma, de relance
Andamos juntos, com passadas muito tortas
O vazio entre nós dois era uma espécie de anfitrião

O gramado era bem verde e enquanto sós
Éramos intensamente ingênuos
Dançávamos errantes nos perfumes da noite
E de novo a solitude era nosso açoite
Mas nossa força nos deixava muito estrênuos
E o fim do romance era previsto no canto dos curiós

Longe do cheiro da cevada o ar é tão doce que até fecho os olhos
O vento é meu testemunho contente
A paixão é uma chaga incompetente
Que nos cega da visão os vários tolhos

Enfim o tempo engole aquela coisa diminuta
Em que a esperança ardia sem fôlego e exaspero:
Antes mesmo de ser tornar o mais belo desespero
Antes mesmo de se tornar uma situação poluta

Eu tenho em meu conhecimento
Que seus soluços por vezes ressonam dentro do átrio direito
Mas na aorta eu não sinto nada, além de insuficiência no ventrículo esquerdo
Como um tambor rufando ao infarto cruento!

E serei mais um ao relento, abandonado
Com uma laceração idôneamente condecorada
Envenenado por meu próprio sangue, que ironia!

By: Bruno

Um comentário:

  1. Suas palavras transmitem variadas sensações, intensos devaneios e nos remetem a imaginação. Mas possui em si a abstração, tanta sensação...Sem palavras para seus versos, dizer que são bons é pouco, pois são muito inspirados e cativantes. Sem querer exagerar, são perfeitos! =D

    Sempre venho por aqui pois adoro seu modo de poetizar.

    Abraço e boa Noite!

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