sábado, 24 de setembro de 2011

A nau tecnológica

Refazem-se nas minhas mãos o relento daquele tempo no mar
Nos dedos um constante afago de modernidade
Luxo e luxúria misturadas em confraternidade
Ah aquele sol à janela, a maresia, que belo ar!

As moedinhas sacolejam nos máquinários
Consumimos a pouca fortuna
E seguramente bebemos, lemos, diferente da graúna
Livre a voar no horizonte toutinegrando sedentária

Sempre a pousar de volta nos mastros da nau
Perdida junto aos humanos lassos
De consumismos desenfreados e descompassos
E eu bebendo em Vinícius este pequeno sarau

Em seus salões finas músicas tocam
Emproando as pessoas finitas em grãos melódicos
Fluindo em seus cernes bebidas constantes e espasmódicas
A medida que diversas outras naus também desembocam!

As árvores já não ouvem o vento
A graúna desaponta-se, se sentindo sozinha
Saudosas férias que irromperam na marinha
Nos cassinos e no turismo sem endereçamento!

Naquele tempo eu fui o mar, eu fui!
Sonâmbulo e ébrio, bruxo velho
Corpo tão disforme quanto o silêncio fedelho
Sem dimensão, dentro da treva que me dilui
Despedaçado e infinito, e infinito, infinito, infinito...

By: Bruno

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