terça-feira, 31 de outubro de 2017

Das Bruxas


o Pacto

Por desejo da mais alta liberdade,
Por não mais chorarem na cruz,
Vítimas ofuscadas na sagrada luz,
Aceitaram uma profana paternidade!
Mas nem o velho bode templário 
Foi capaz de proteger as mulheres,
Condenadas ao fogueiral sacrário
Por abraçar uma vida de prazeres!

Nova Jerusalém pelo mal sitiada,
Um combate de fé foi travado,
Venceram os homens de letras;
O mal expurgado caiu por terra!

o Sabá

No jantar da nova fé, a bonança
As tradições pagãs resistiram
O novo mundo aprendeu a dança
No tear das Moiras, rituais serziram
Hécate, na noite mágica passeia
Cantos e cirandas, deuses antigos
A bramir novas pulsões, nos enleia
Palavras da velha lei abrem postigos!

Noosfera refeita, bilha e encanta
Na noite de Beltane. Moisaico alado
Da imaginação carmim, que imanta 
O poema da vida, sempre inacabado. 

o Grimório

Do verbo fez-se grito, solário,
A salamandra tatua ensinamentos
De sangue, geometrias estranhas
A comunhão do iniciático rio!
Ninguém é o mesmo após lê-lo;
Asa de espanto e conhecimento
Perpetua segredos nas entranhas
Caminho de dor a tecer os elos!

Herança de estrelas escritas,
Dentro do prisma, universo
Abaixo o céu, dedilhado estro.

Bruno Borin 

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