sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Ode à Hypnos


Hypnos que os dias sequestra
E das noites reparadoras poupa
Meu ser cujo corpo pende absorto
E minha mente lassa não medra,
No sombrio cenário de um horto;

Longe das marmóreas instalações
Os sonhos desvanecem no álamo
De longas madrugadas esgazeadas;
Enquanto tu habitas as hibernações
Umbráticas, povoa as letargias aladas...

Este corpo que te oferece uma oração
Transita alheio do sono e seus mistérios 
E tu que deténs este místico cemitério
Jamais a mim concedeu uma soltura
Que me despontasse fora desta prisão! 

Então resta ofertar a lucidez à alvorada
E ter na tessitura dos versos uma utopia:
No lirismo embalar a alma cansada,
Enquanto desfrutas tu da madrugada:
Deixa que eu seja o bardo dos deuses
Tão esquecidos como o sou, para o teu sono.

Bruno Borin Boccia

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