Esse poeta em mim sempre morrendo
Procura na altivez da minha cegueira
Ramagens doridas, incendidas, tecendo
Uma travessia esquecida, na fronteira
Dos meus abismos lavados de sangue,
Semeando na amplidão já mui florida
Ventos familiares à emoção langue,
Colhendo o sumo das pétalas erguidas
Como quem passeia, em desassossego,
No lívido silêncio da lua enlutada
De quebrados sonhos, qual desapego;
Uma agonia errática, inflamada,
Sempre íntima, alma adentrando
Desafinando as cordas de minha
Cansada geometria, nela forjando
Uma concisa dor que se aninha
Intimamente, ao agonizante plexo,
Imperiosa infecção, enevoa os anelos
Com misteriosos sentires desconexos,
Com Píreos festivais nos vastos castelos
É assim, a poesia, meu estimado exílio:
Cadeciam-se os versos com fascínio
Como se tomassem as dores do peito,
Tons de ouro e velassem a vida sem eixo!
Bruno Borin
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