segunda-feira, 2 de julho de 2012

O desabrochar da flor, o desembainhar do destino.

Capítulo 2 - Melodias sob o vento de outono.


A grama seca carrega desistente
Os sons dos passos
Amassando-a de forma penitente.
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O mar se estica para aqueles que navegam
Para as longas asas
Ele apenas as olha e as renegam.
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Cantava meio em transe, em face da multidão que curiosa se aglutinava em torno daquela inocente boca, naquele fim de tarde, das quais saíam frases tão maduras e talvez mal interpretadas por quem abandonasse o local desdenhando os acordes falhados. Não era o momento e não estava preparada ainda para cantar sua dor, sua dor poderia derrubá-la a qualquer minuto e lugar, por qualquer súbita coisa que se assemelhasse aos momentos de desespero que passou. Os ventos de nada atrapalhavam o cair das moedas modestas na caixa de sua biwa, as pessoas talvez precisassem mais do que imaginam de uma pausa para distrair a mente com cultura de rua. Para a pequena, isso significava uma estadia numa pousada e talvez até um ou dois vegetais acompanhando a tigela merecida de arroz que podia pagar. Dos muitos rostos que via passar, nenhum ainda chamava a devida atenção, então a cada fechar de olhos, um alívio para sua introspecção, que não podia dar ao luxo de soltar-se por um segundo sequer. Devia continuar o show. Do contrário as pessoas iriam embora e então ficaria sem jantar.
Ninguém o vê
Mas seu som por todo o bosque ecoa
É em sua silhueta que o povo crê
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Fazendo despencar
O fruto maduro desejado
Que as árvores refutam-se em dar.

A última canção da noite lançava nas mentes um ar misterioso, mas ninguém se ocupava de adivinhar que youkai poderia ser. Acredito eu, agora com um pequeno livreto em mãos, que mesmo naqueles tempos, gente da cidade não acreditasse mais em criaturas místicas. Será que tais criaturas importam-se com tal duvidosa credibilidade?

By: Bruno. 

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