domingo, 29 de julho de 2012

As flores choraram negro


Como borboleta voando em fim de Julho
Uma menina agachada se lamenta
E cheia de tristeza, se levanta
Sob horríveis olhos, sem orgulho

Com os seus fitando o céu tropeçando
Sentindo o frio deste crepúsculo perfumado
Deixando no pequeno riacho maculado
Um barquinho amassado, fustigando

Com um pequeno delírio as cinzas vogais
Ultramarinamente, sem pretenção
De aniquilar os tédios fatais
Como pássaros sem ambição

As orquídeas choravam orvalhos negros
Enquanto circulavam suas seivas espantosas
E então vi destilar nos gestos íntegros
Da menina, as mesmas feições infecciosas

Manchadas de lumiares elétricos,
Dos ventos saudáveis de inverno
Que embalam o sono terno
Das bonecas de olhos severos

Dos que por delicadeza
Deixam de se amar
Dos que por esperteza
Deixaram-se abandonar
Em noite qualquer

E então, formando este crepúsculo perfumado, em estreita luz
As orquídeas choraram suas últimas lágrimas
Durante o fosco bater, das asas de estranhas libélulas.

By: Bruno

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