sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A um fantasma


I

Eu jogo os olhos em vossas deformidades
Até o meu tato desaparecer com uma gota de fogo
Derramais o coração como vos rogo
Escutai a infâmia sintética da culpabilidade:

Sob os arvoredos que evaporam
Lapidam-se grandes tetos preciosos
Enquanto os desertos coram
Sob os olhos dos carpinteiros enganosos

A flama doce da minha loucura
Dissolvendo num raio as lembranças
De ter quando pequeno todas as vontades,
Todas as ambições, toda a infante bravura

Mancha agora o céu levemente de vermelho
Enquanto escuto com os olhos queimados,
Como pequenas folhas que reluzem as noites açoitadas
Pelas chuvas que agora refletem como um espelho

Esta merencória cançoneta aromatizada
Com a deliciosa obscuridade da harmonia
Harmonia esta, que nunca se pode obter de dia
Pois somente nos segundos mais sonolentos,
No mundo onírico, pode ser encontrada.

II

Pobre vulto que só tem a solidão
Vai e dize aos mortos que eu penso neles
Meus versos são para os amaldiçoados, aqueles
Que só podem se envolver com a própria recordação

Vai e dize que as folhas balançam insensatas
Vai e queima essa alma fazendo assim
Uma nova cor de nuvens, que enfim
Fariam tuas lembranças ganhar os céus,
Como a pequena fragata.

Mas teu paradigma implementado
É a profunda atração do abismo

Teu mal que te afogou com brilhantismo
Espírito que nem lembra porquê foi castigado!

By: Bruno

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