sábado, 20 de junho de 2015

Arquipélago




À umbrosa margem do lago,
Nódoa de orvalho a pairar
Na superfície nulinerve do fado
Como lágrima doente a lograr

O êxodo das emoções escoadas,
Semeando canções esquecidas,
Mesmo nestas limitadas quadras
Como crases bruscas, arrefecidas

E imaginadas na melodia da vida
A constituir papéis rasgados 
Nos significados mitigados
Embora explorados, desta vencida...

Mesmo que meu sangue grite
Minha voz arrancada se estilhaça
Em um Eu que apenas se embaça
Ao tentar entender do mundo seu rebite

Enquanto minha imagem significar,
Poderei livremente transitar:
Metáfora eterna a transmutar;
Até aprender a coabitar,

Embora, os triunfos obscuros 
Vertiam em sangue puro
As lágrimas em pequenas barcas
Imersas em águas tão obtusas...

Esquecendo de perguntar o que sinto
Sobre a apoteose que me irrompe, 
Transpondo qualquer Hecatombe,
Percebo do muito que clamo labirinto,

Sem ópios; é a notívaga nostalgia,
Provocando hemorragia e pressago:
Entre tantos vagares, o Amontillado
Se faz presente na amortecida mania

De procurar no velho mundo,
Traços de um novo continente,
E no mais visceral e figurado repente, 
O verbo que na vida opera, profuso;

A reconstrução de todas as perdidas
Ideias, de toda a emoção esquecida
Encontra-se na pátria esculpida,
Das palavras maculadamente escritas.

Bruno Borin

Nenhum comentário:

Postar um comentário