quarta-feira, 12 de março de 2014

Homini machina




"Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir
Sentir tudo de todas as maneiras
Sentir tudo excessivamente"
              - Alberto Caeiro.

Quando olhei para mim, não me percebi,
Minhas sensações se misturavam às da máquina
E, eu que achava que conduzia, de forma tácita
Deixei de condizer com a carne que minha, senti 

Meus passos agora elípticos, em união sonora, 
Com a rotação da Terra, giravam alma afora
Sublimando o pesar das horas, jogadas em meus braços
Maquinando a futura introjeção destes novos laços

O céu tingia a mecanicidade de meus movimentos
Com respingos de um choro que não era meu
Enquanto explodia em mim, a flama libertária de Proteu
E nas ruas ecoava os meus sentires espalhados em fragmentos

Das ações que por tanto tempo recusei a pertencê-las
E que me dariam a mesma face que muitos vestem
A visitar os abismos cálidos aos quais a liberdade nos remetem
Sublimando-os pelas luzes mecânicas, ao simplesmente sê-las 

Duplicando o real em uma alucinação extremamente nítida
Na forma retilínea deste estranho alento, 
Em seu completo e singular excesso físico:
- O mais estridente dos meus intentos,

Regulado pelos ruídos confusos de todas as significações
Atiçando todas as múltiplas lacerações
Do meu corpo transtornado e dinâmico
Que, ao comportar todo este novo ânimo
Descobre-se mais perto das forças confusas do infinito.

By: Bruno 

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