terça-feira, 13 de agosto de 2013

O buquê horrendo


Ó florações ebúrneas, leprosas
Sangue coalhado, espargido nas pétalas
Negra nevrostenia a percorrer as cabalas
Dos estames minguados, sinuosos;

Delírio convulsivo, errante a se prostrar
Nas almas seduzidas por este buquê
Deletério, com novas ramagens a dissimular
A efervescência do caos hediondo e sem porquê

Ó ócio do espírito a arrigar lágrimas através
Dos espinhos projetados para porfiar 
As imaginações sidéreas gelando, deleitoso revés,
Constritas por estes malditos caules, a nos manejar

Mouca floração, envolta em asqueroso sudário
Pensas que está mesmo tão oculta;
A desmoronar mundos, como um velho templário?
A Despetalar doridos corações, como um tépido vulto?

Fatigado farfalhar imerso em falso mistério
Volúpia do deslumbramento, clama febril a flama
Para o incêndio derradeiro, assombro gaudério,
Anseia ter o lenho a crepitar; e o poema proclama

O tenro encanto das brumas fumosas
Alentadas por névoas de pólens serpentinos,
A contaminar nossos pulmões meninos,
Que uma vez me despertaram sensações danosas! 

By: Bruno

Um comentário:

  1. você tem aqui um acervo inusitado das palavras mais sombrias formando os textos mais lindos.
    perfeito... simplesmente.

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