domingo, 23 de dezembro de 2012

À Lêdo Ivo


Hoje o corvo agita suas asas, se fartando nos meus umbrais
Hoje espreitam meus tecidos vulneráveis, os terríveis chacais
Enquanto minha tosse sufocada ecoa pela boca tapada
Alagoas se assemelha hoje, à uma capela rachada

Para mim, uma cena fatal, gritos vagos e surdos
Mas a gradativa saída da luz dos olhos
Denota um desespero nem leve nem agudo
Apenas um desespero bem curto.

O Executor nunca me deixará falar
Do meu desejo de ter-lhe apertado as mãos
Me resta relembrar tua obra, feita com tanta dedicação!

Me resta ouvir tuas histórias através de teus livros
E não de tua voz como eu sonhava, que delírio!
Me resta olhar para um céu que não será mais tão níveo...

Fico eu, herdeiro ilegítimo do teu legado
E do teu espírito, aliado
Afundado ainda mais nas palavras
Enquanto delas - Tu estas livre!

By: Bruno

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