segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alinhavo


Sendo levado embora de minhas visões
Pela irreal certeza de minha inconstância
Sigo manchado em todas as instâncias
Por arrebentar sempre, a costura das ilusões 

Ao deitar, na metafísica tentativa
Da equinocial imaginação
Fito feições que me derivam 
Nos gestos gentis da ficção

Que não costuram com seu véu
A coleção de outros que me compõem 
Com múltiplas linhas e bordados, cisões,
Alinhavando outonos e invernos neste céu

Divisando-me por ruas vastas e ínvias 
Feitas de desfolhados futuros
D'onde saudades perfazem muros
Mesclando no reboque, as vigas

De pretéritos e futuros, produtos incertos
Tirados dos ponteiros da eternidade,
Solitários caminhos da vivacidade;
Sentidos a cada passo, arcaicos e hirtos

Em sesmarias de gestos, agulha e linha, bramindo, 
Desvendam o terreno de minhas mudas cores
Osso e corola, perfurados pelo espinho dos langores
Do vento, seguem este panorama canoro, definindo

Fantasias de carne e tramas de cetim
Puras e brutas, sem espaço para estratégias
Que, por mais coloridas e egrégias
Não duram até, da noite, seu inesperado fim

Mesmo assim eternizadas fincam, deveras
Memórias em minha pele, ladrilhando,
Como imagens vivas, as vidas inúmeras
Da minha imaginação reverberando...

By: Bruno

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