sexta-feira, 13 de abril de 2012

Considerações noturnas

As estrelas ao presenciarem o afogar de minha consciência
Não estão nem em seu fundo de luz, um pouco surpresas
Nem mesmo quando oferto aos dentes das trevas mais turquesas
O sabor dos sóis artificiais que eu daria com toda ciência
Das lágrimas que despencariam pálidas e apáticas
Ou do sangue que julgo correr ainda vivo por este manequim
Não, eu não mentirei, não hei de querer a ajuda dos Querubins
Posto que perdem-se em mim a podridão das virtudes tácitas!

As sigulares primaveras do pensamento
Também portam armadilhas em suas harmonias
Guiadas por um caminho proibido de especiarias
Que condecoram minha carcaça sem alento
A suave aspereza das mãos do destino desviam
Como mãos que empurram uma cômoda atulhada de planos
A leveza inerte do passar dos descuidados anos
Na medida em que minhas inconstâncias se distanciam

As luzes da noite dobram de súbito
Como espíritos sem pátria que ainda vagam
Sem nunca se lembrarem do motivo de seu óbito
Numa postura despreocupada de olhos que nunca se apagam

E comparo o clarão dos prédios com os das constelações
Vertendo-me no cérebro prodigiosas crepitações,
Sobre meu fim, mesmo que eu acabe vagando vencido
Céu, inferno, que importa? Conforto-me com o desconhecido!

Por tudo o que os céus hão de revelar
Eu sinto em mim o borbulhar do infinito banhando-me
No pranto das alvoradas, na sombra implacável
Imerso em rastros que não posso apagar
Em noites tão sem fundo quanto oceanos congelados
Eu sinto o pavor de sonhar realidades formidáveis
Ilhas mágicas dentre as nuvens, paisagens medievais porém tecnológicas
Cascatas miraculosas e serenos embriagantes...

Porém correndo por ruas pouco alumiadas
Tem-se a paz da equivocada escapada
A paz proveniente da distração causada por neons e propagandas
Róseas olheiras dominadas por vultos maníacos
Vestindo o colorido das estações, profanamente acolhidas
Enquanto o desabrochar das flores rola ignorado
Quando percebo, sem um longo raciocínio
Que perdi um incômodo não reconhecido,
Possivelmente a lucidez da minha alma
Para quem? Nem consigo imaginar...

By: Bruno

Nenhum comentário:

Postar um comentário