Não sei o que os vazios representam,
não costumo os preencher com minhas
pendentes completudes, que fomentam
as intrépidas tentativas das manias;
E conluindo em si mesmas, concepções vagas
são impressões dos meus caminhos brancos.
Como pensei: o nada ao ser definido não se torna tudo.
Sobre minha semelhança com os deuses,
Carrego os conflitos que me marcaram
de um rubro solvente de minha constância...
Dono de mim mesmo? Indecisa existência,
Que leva ao fado de embater minha essência
Aos rios que queimam, aos vales que afundaram
E aos Abismos; estes me elevaram como altas doses.
Nos versos fora do ritmo, erro a porta do sentimento
Falo muito de sentimento e de erro por arremedo,
Assim nada tem fronteira e tudo termina em mim mesmo
Não importando quais rios, tudo se termina em esmo
Remando por fingir remar, prolongando o acordar cedo:
Não é por falta de ir, que tudo em aprofundamento,
Finde em infinito, comigo a contar o segredo das coisas.
Fazer versos para arrumar os sestros, agir como possível
E obter o resultado factível: o mecanismo roda,
Para que tudo continue o mesmo, e a vida absorta,
Num hino inconsciente e dele o repente e crível
Da ideia fixa surge, conquanto os papéis fiquem hirtos,
Tangendo secretamente os literais bramidos
Com a imagem de um afazer a se movimentar.
Molemente estendido, no silêncio para o qual murmurio,
Verifico se as coisas todas estão em seus lugares todos
E se eu estou em mim, envolvido pelas esguias mãos do vazio
Cansado do acordar variegado das transições avençadas
Definido pelo indefinido, à rasca das portas emolduradas;
Não ouso abrir nenhuma que meus versos não tenham aberto;
Estrangeiro à vida, entretanto jamais cometi alguns êxodos.
O vazio é uma sala inteiramente adornada, enfim;
Uma jornada irrestrita e contundente de volta a mim
Onde tramito minhas Petições nuncas ouvidas
E redecoro a montra das sensações nunca sentidas;
Na eterna noite interna, as cadeiras sempre convidam,
Mas não consigo me sentar, me sentindo à véspera
Dos movimentos sem plano, estes que desejo tanto planejar.
Estes que teimo tanto a não escutar...
Bruno Borin