domingo, 30 de novembro de 2014

Soneto do desver


O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
 - Alberto Caeiro


Baço pode ser o horizonte de minha visão,
Porém infinito é o oceano do meu coração.
Não preciso de determinadas aptidões
Para alçar voo ao recanto das imaginações.

Para onde vão, ninguém leva seus primores,
Mas quem onde está não quer colecionar amores?
O que quero eu da vida? Senão cantar os licores
Que me afastam os temores, e me apregoam valores..?

Prefiro não saber o conteúdo das partituras
E cantar sem comedimento as iluminuras,
De que oiço falar os deuses e suas vindimas!

O que são dos céus afinal, além de vagas pinturas
E dos passos então, alfombras de torturas?
De fato, se o soubesse não cantaria minha própria desestima.

Bruno Borin

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