Peguei do meu coração atado
E pelos vagões da memória o levei
Até que, no instante inexato
Da tênue desmedida, o depurei;
O depurei das ecoantes solidões
Que lavam de presenças encrustadas,
A alma da gente, vertida e ignorada,
Com dolorosas e pacientes emulsificações.
E pensando nas dolentes significações
Fico suspenso nas promessas que cometi
E que ao decorrer do endurecer, inadimpli
Percebendo o quanto cedi das próprias proporções.
Trancado, junto aos poemas que jamais escrevi
Pairava em mil sóis tão salobros, que o código
Que eu portava tão inconsequente e pródigo
Em profuso palor se verteu, raptando tudo quanto vivi
Me apartando da fluidez do tempo e espaço
À maneira da metáfora mais vívida, a vida mais baça,
Mesmo sem ponta solta, amortecia minha queda
Que era como mergulhar na interior alameda
E debruçando inocente, sobre mim mesmo;
Tomando o papel principal do espetáculo
Jamais incutia o primogênito receptáculo
Da vida que eu levava a um certo esmo
Pensando ser normal ter os horizontes desbotados
E carregar culpas mais brilhantes que as estrelas
Deixando que elas falassem em nome das minhas trevas
Que, escancionadas já se apresentavam desbravadas...
O que fazer com tanta vida? - Hoje me pergunto
Quando realmente "não posso" - A tudo avulso,
Comungar da beleza, os sonhos e a sabedoria
Trazendo à minha vida, o que há de mais livre, a alegoria...
Bruno Borin
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