sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As horas


O reflexo da luz é a aura da hora
Condicionada à numeração incerta
Do relógio no pulso da pessoa certa;
O dia se deita e o encontro fica em mora.

O inverno esconde a minha vida
Cheia de eus impacientes 
Todos tão hermeticamente cientes
Que a eternidade é uma dívida vencida,

Porque, trêmulo na noite, é o breve alento
Da flama acendida à isqueiro, no intento
De imitar a mortalha do firmamento
Num breve e sórdido momento 

Sob a tutela do fogo, empilho meus eus
Imigrados de cantos distintos do meu ente
Esfacelado e fingido de doente,
Barco ébrio navegando aos léus,

Missal de mãos estendidas 
Como folhas trementes
A que são tão tementes?
A Deus? Não, Ouroboros,
Medo dos retornos eternos!

By: Bruno 

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