sexta-feira, 30 de maio de 2014

Ofício


                                           À Ana Angélica

Quem diria que versos se uniriam
Como botões de hidrângea a florescer
E a profunda raiz no cerne, revelar,
Os rios poéticos que, se misturando fluiriam?

Profícua combinação, flores brancas
Caem como se livremente se empilhassem
Sua delicadeza mágica estanca
Minha rebeldia como se se harmonizassem

E as palavras nos brindam com a eternidade
Brincando encaixadas como borboletas
A contar às irmãs flores, da imensidade
Do céu que nos soletra esta solenidade;

Invenção adaptada por nós, poetas,
Ao brincar de sair do caule do cotidiano!
By: Bruno

Entremundos

Com as tintas da vida
Se fazem tantas coisas
- Das paredes de um quarto
céus enormes despontam
- Das telas dos olhos
Memórias afluem
- Já dos muitos passos 
Lá fora, diante do cotidiano
Poucos são dados 
Em direção a esse ideal
Resguardado no cerne

Mas não importa,
Um ou muitos
-Dizem as portas
O infinito ainda está branco.

By: Bruno 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vida de papel


Brincando com lonjuras
Me perdi de mim, afoito
Dilacerado das loucuras
Da lucidez, o gesto maroto
Deixa a alma livre, a pender

Revelando a faísca de poesia
Que me aproxima do mundo,
Me tira dessa terrível maresia
Da monotonia perpétua, sem rumo.

Viro uma rua, deságuo em saudade
Cruzo uma avenida, me atropelam
Com uma fanal urgência de sobriedade,
Sobre mim, horas sonâmbulas se desmontam

 À noite, todos os fatos são pardos
Como sei, as certezas, nuas, são unas
Posto que a Verdade, é sempre nula
E a vida a se levar, um fardo.

Ideias, equívocos, florescem e assombram-me
Com suas formatações cruas, estranhas
Deformando minhas rústicas entranhas
Tal o desdobramento de uma singular orbe 

Essas virtudes só enchem-me de sede,
O infinito dos caminhos me pesa
E a efemeridade me constela na sebe
Doentia da ventura, cultivando minha defesa,

Posto ser minha ingênua natureza
A de sugar das essências da beleza
Suas diluentes espiritualidades
Para compor lágrimas de saudade

No mais profundo borbulhar latente
De um neblinamento sulfuroso
Do coração que feliz e triste sente
Um temperamento chuvoso.

Na cadência da rima, me redescubro 
Vário, completo, nesta vida de papel
Cheia de latitudes difusas, futuros
A se perderem de vista, como ao céu
Fitar e se encontrar ao se esvaecer!

By: Bruno


terça-feira, 6 de maio de 2014

Temerosa jornada


Êxtase tétrico a bailar
A metástase das negações 
No limiar das percepções
Ilusões em motes a leiloar

Soluçando imensidades 
Nas fantasias delirantes
Mas, na infeliz verdade
São só algemas viciantes

Que inscientes, podres almas carregam
Transfiguradas em maior ou menor
Grau de vivacidade, e assim peregrinam

Como sonâmbulos vazios, a ignorar
A experiência e seu estimado valor 
Com o mais abrupto e irracional temor.

By: Bruno 

Surtos ignominiosos

Em cada pequeno desespero
Mora aquilo que aconteceu
E o que, juntado, sem exagero,
Poderia ter sido, mas feneceu

No desassossego da alma solta
A palavra delibera, a vida exaspera,
Lúdica, lívida mas sempre austera
Mas, de algum jeito só, revolta

A conotar o ciclo Circadiano
Das reviravoltas inconscientes
Do real duplicado e meridiano

À Noosfera, imperceptível, humana
Agregada à modelos transparentes,
Efêmeros, Trevas persistentes e ufanas...

By: Bruno

Mocidade revoltosa


Estabilidade, nova paz armada,
Daqueles que voluntariamente adormecem,
Privando-se dos fatos que acontecem
Talvez desperdiçando a chance amada...

Instabilidade, ausência do solstício
Voluptuosamente desejado
Porém nunca, jamais alcançado
Penitência daqueles, em armistício,

Com o mundo, em guerra
Pela individualidade em novação
Sem eus para a nova remessa

Alienados? Não, Anestesiados;
Sem a paixão a duelar, se suicida
Tão cedo a aclamada nova geração... 

By: Bruno

Meditação

Monge de mim mesmo
energia cósmica absorvida
religião; total indiscutida,
atenção àquilo que emana
da palavra - poesia - estelar
concepção,  a ser ferida
- aquilo que imana
sobrenatural é;  mana 
a vocalizar nosso drama!?

By: Bruno