quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O meu outro


Deslizo a mão por minha pele.
Já não sei onde a cicatriz divisa;
A dor que luzia na densa neve
Era timbre ou uma lebre arisca?

Viola que dedilha destinos fundos
E guarda a porta do fim do mundo;
Afora é amor, adentro torpor agudo
Fluido cenário correndo nulinerve;

Coisa que ferve as veias infinitas
E brinca de desmesurar a paixão!
Mar de lembrar emoções tão bonitas...

Sorvendo do cálice das coisas íntimas
Busco neste meu império dos sentidos
O âmago imortal da minha inspiração!

Bruno Borin

À trova como raiz e razão de viver




As virtudes de todo bom poema
São três: o bom, o belo e o certo.
Como antigo cromado diadema:
Escreve-se com o coração perto.

Cada forte pulsar do peito quieto
Agita-se nas mãos como teorema:
Um lado, som, palavras e silêncio;
D’outro, fala, rima e dilema.

É bordar com a alma a brancura,
Alinhavar os sonhos nas loucuras,
Deixar de lado as vestes mundanas:

Buscando o bom como sua usura,
Amando o belo como sua cura
E tendo a certeza como soberana.

Bruno Borin & Maykel M. de Paiva