segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O poema deve ir embora


Ser visto ao longe
Se alastrando
Vagando 
Se distraindo com o mundo

Rumo a outro olhar
Fazendo-se perceber
Por seus eleitos
Aqueles que se deixam ler

Afetivo, o poema nunca chega
Transita de alma em alma
Perde um pouco da forma
Outro tanto do sentido

Uma hora é rima
Outra só conjugação
Mas a vontade cisma
Mesmo é com a conjuração

Ele só existe pra quem o enxerga
Soneto, quadra, ode, ou epístola
Sagrado mesmo é o coração
Que o abriga e se diz poeta

Mudar o mundo ninguém consegue
Mas com o que se sente
Pode-se ir além de si mesmo
Fazer cor onde não costuma ter

Espinho todo mundo tem
Queria ver mesmo quem tem pétala
Pena, pluma ou poema
E se decorar com a palavra
Que nem açucena!

Bruno Borin