sábado, 28 de maio de 2011

Um nome/ Fatalismo

Carrego as mágoas de não poder mais te ver
Com minhas ilusões não consigo mais me entreter
Queria o derradeiro e escorregadio toque
De seus dedos em minha mão em desfoque

Dor é a mãe dos sentidos
Sem ela não existem infecções e pluridos
Meu coração concebido entre pavores
Dou meu corpo de alimento aos helmintos em horrores

Eu queria ser apenas uma sombra
Perambulando sob o mar inerte
Para não causar-lhe mal algum e que a água inverne
O mau causado a mim por desistir do amor que dessasombra

Não me abstenho de possuir o mais absoluto asco
Do meu ser em prantos por uma bela desvirtuada
Que de tanto poderia ter sido evitada
Era questão de um nome, simplório que seja
Revoltado por dentro, minha alma é ser que rasteja

Queimando, queimando por dentro
Faço alarde feito som de guitarra ao centro
O musical é trágico e o fatalismo é recorrente
A desistência, a queda do meu ente

O relógio é Deus sinistro e indiferente
Obriga o tempo sobre meus cílios varrerem os devaneios
Sendo assim nunca serei feliz em tempos de veraneios
Em meu coração crava-se brevemente alguma dor diferente

Cada instante destrói um pouco da alegria
Ao pensar naquela situação irreversível
Minha diminuta alma torna-se irredutível
O pranto uma hora se extasia

Lembro daquela voz sonora
A percorrer ressonante meus ouvidos
Jamais reluzirei como outrora
A visita do remorso me é constante e não é combalido
Esmaeço embebido em minha própria desistência...

By: Bruno

Vagando

Quero ir para onde eu não exista
Eu anoto meus silêncios, minhas noites
E até anoto o inexprimível
Para que se fixem em mim vertigens
Para que a minha pálida razão pare de me esconder o infinito

Quero desregrar meus sentidos
Para que eles não me acusem de extorção
A minha carência me cobre de fantasias
Tentei inventar novas flores
Só para colocar no jardim que só eu imagino

O que eu anseio eu não posso obter
Porque não jaz em menhum mundo
Somente reina nas alucinações
E estas, nem são opiáceas

Minha mocidade por tudo foi presa
Superprotegida e ao mesmo tempo desvairada
Por delicadeza ou escândalo que eu acredito no inferno?
O frio é tão confortante
É por onde o sol se esconde
Que eu posso andar imaginando
As valsas que um anjo cruel
Apronta com os humanos!

By: Bruno

Faceless


I
Estou entregue a mim mesmo
Invoco incansável o espírito das coisas mortas
Para assim enriquecer a palavra
Posto que minha alma de tão fria é mesquinha
Tão fria que até a gélida manhã a aquece
Guardo inúmeros versos em segredo na minha mente
Tornando meu emocional instável
Mas não revelo a nada!
Afinal os humanos precisam de uma máscara e um sorriso
Um sorriso portador de inverdades
Ao que parece preocupação na verdade é desinteresse
O fato escarnioso da manhã e da vida
A fragilidade e o desleixo são figurais e desprezíveis
Agora a felicidade e a fé, mortos, ainda são repartíveis

II
Quando estou entregue a mim mesmo
Estou também entregue à Thanatos
Só quem já mergulhou em náuseas,
Pode reconhecer o peso dos meus atos
Já vivi o inferno Rimbaudiano
E ainda o tenho em surtos minimalistas
Hoje vivo o inferno de não amar e de prosseguir com os planos
Cada um de meus versos são lágrimas da minha alma
Terrívelmente rebelde e aquietada
Sou possuído por minha própria liberdade poética

By: Bruno

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Paradoxo da areia


Vagando por entre experiências de mundo
Me deparo com uma surpresa que emudece
Minha boca a rir, infantil, arroxeia-se e empalidece
Maçãs verdes tem gosto de areia, descobri a fundo

Comi uma duas, quatro e sete,
E tudo fantasiosamente estava embriagado
Perdi no infinito um poema e outro nasce neste embargo
E me furei fastigiosamente com um canivete

Precisava acordar, pois dormi sob os cílios da fantasia
E se despedaça outro eu que antes não sabia da maçã com gosto de areia
A retórica fica longa e causa estranheza e repúdia
E não seria equivocado somatizar areia com aveia!

Preciso de mais ideias para acordar minha alma
A estupefata surpresa das maçãs me foi certamente notória
Mas talvez um maldito como eu precise de amor e calma
Entretanto o vermelho da morte exprime sua oratória

Os anjos jamais ficaram tão espantados
Embora eles não existam de fato
Eu tenho de ter meu fim antes que eu pague o pato
E o sol lacere o meu peito escancarado

Fico imaginando que outras frutas tem sabores de areia
Enquanto em cima de um barranco ela sapateia
Quem seria aquele vulto efêmero
Portando um lacrimatório e uma foice sem gênero?
La mort est sans cesse plus étroite!

By: Bruno

Dedicado à nova amiga Raíla, minha companheira poética!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

I walk Alone


I
Rodeado de direções incertas
Continuo suspirando pelas respostas certas
Os respingos gélidos escorrem pelo meu coração
Caminho pelo inverno tempestivo até me perder em devastação

Cada passo é dado em meio a desacreditações
E a cada pensamento há novas meditações
Pois eu acredito na pífia luz em meio a toda neve
E por que acredito, ela existe breve

Minha mente está cansada do meu eu
Minhas estrofes nunca foram perversas como Asmodeu
Quero entregar-me ao sono que me prende acordado
Ando sozinho e não me sinto impulsionado

E eu fiz pequenas mudanças
Para que continuasse o mesmo ante às cobranças
A solitude é uma figura pálida e sem feição humana
É inebriante pensar que sou pessoa mundana

II
Je ne sais pas ou c'est incroyable
Ser humano é tão pouco útil
E tão altamente destrutivo, fútil
J'ai donné, donné mes larmes
E nunca nada consegui
Onde está a beleza de ser humano?
Por onde andei a única torpeza
Era a das minhas pegadas levemente já apagadas
Pela nevasca que também um dia me apagará

III

Se eu desse meu ar aos ventos
Eu poderia ganhar pequenos calores?
Eu entendo o quão dolente é o valor
Das pétalas congeladas em meio ao nada
Pois eu também não existo nem nos sonhos
Minha liberdade habita a inexistência
Beirando a complexidade da abstração
Minha abstinência é compensada
Nos dizeres mais lampejosos
E disperso meu espírito nas palavras
Completamente enublado, apenas respiro vagante
E espero meus murmúrios terminarem em apenas
Um amontoado inerte de memórias.

By: Bruno

Citações infernosas

Se o inferno não for somente uma abstração
Hei de ir de escada rolante,
Pois ele deve ser tecnológico e desvairado
Ou seria o inferno gelado?
Pois a medida que você anda,
é a medida que a neve chamada solidão irá te cobrir!
Ou ainda, o inferno é libertino?
Posto que blasfemando, é onde fornicaríamos virgens
Adotadas como nossos mártires de guerra
E seria o inferno os outros?
Pense numa humilhação pública
Seria este o inferno efetivo denegridor de toda boa impressão!
Como o mal nos infesta não?
Somos seres empestiados e condenados
Acharemos eternamente que a danação é horrível
Mas a acho engraçada
Todo este mito gerado pelo medo
Tudo tão surreal
Mas diante de outra concepções
Eu digo que o aqui e o agora são o que importa
Para que imaginar tudo isto?
Se não consegue aproveitar as ideias para algo produtivo
Poupe-se de pensar em males, posto que o que te domina
És o mais asqueroso!
A ignorância!

By: Bruno

Cristais


Minha essência, minha vida
Foi vinculada a estes cristais
A este concreto
E estes passos ao chão

Minha vida desenvolveu-se
Acompanhada atemporalmente
Pelas pequenas luzinhas agora rabiscadas

E durante a fase infante
Tais rochinhas brilhosas
Eram puras
Hoje errantes, assintomáticas
Dolentes de maldições
Humanizadas e caçoadas
Como eu

Porém minha diabrura manteve-se a mesma
Embora sob um torpe poético
E em contraste, eu tão doente, tão poeta
Somo-me aos passos inglórios da multidão
Sendo apenas mais um
Maquinal, despoetizado
Desalmado
Porém pérfido humano.

By: Bruno

domingo, 22 de maio de 2011

Introspecção

Me despeço de mais um dia do qual eu não acordei
Os sóis zombam do meu espírito dormindo
A natureza e sua estação brumosa me encontram fingindo
Carreguei esperanças até a hora que delas me deslumbrei

Meus pequenos silêncios não me amparam com firmeza
Queria usar palavras que rebrilhassem uma inocência
Mas por não te-la me detesto e reprimo minha essência
Em meio as minhas dores há um legado de amor e certeza

Minha força não está numa grande chuva tempestiva
Muito menos nas grandes ventanias soltas
Minha redoma é o escuro da noite em reviravoltas
Minha solidão é minha análise mais criativa

Meu sangue possui muito mais lirismos
Do que oxigênio em suas hemácias
Mas não posso ser mais poético que as Acácias
Parto apenas de imoralidades, a árvore só de formalismos

Conformo-me em apenas descrever amores a mim desmerecidos
O que eu procuro flui do outro mundo para este através do meu ser
E eu não posso saber o que é, apenas sou uma ponte a discorrer
Tais raras flores de ares jamais desfalecidos.

By: Bruno

Suave dolência do amor

Passo a noite admirando doces corações
A pureza tem um brilho de róseas matizes
Ouvi por muitas vezes as coisas mais felizes
Soavam em divinos entoares as mais belas canções

Sei a arte de invocar as horas mais ditosas
O onirismo que seus olhos portam
Ocultamente carrego tais visões que confortam
Afortunado por ver belezas tão langorosas

E mergulho num profundo mar de estrelas caídas
Caídas dentro da minha alma
Destruindo pouco a pouco minha calma
Minhas forças começaram a relutar traídas

Não eu não sonho, eu sangro sob os azuis
Dos mares, dos olhos, dos desejos
Tais dolências e entoares não eram para mim feitos
E reúno meus lamúrios de apenas ser observador e escrevente
Destes belos sons, perfumes e cores!

By: Bruno

sábado, 21 de maio de 2011

Hopeless

I have a meaningless future
Renego minhas esperanças
Pois são apenas distrações taciturnas
Desprovidas de emoções
Posto que estas surgem psicóticas
Eu apenas conheço o amor superficialmente
Embora eu não o mereça
E busco o esconderijo da treva
Respirando apenas o meu silêncio esmaecido
É a essência do meu desespero
Toda minha luta é vã
Dramatizada por efeitos psicológicos
Abnego uma paz fútil
Construída com base no nada
O vazio da alma por vezes retrocede
E é quando eu não deveria me sentir humano
Se ao menos esta probre alma que voz fala
Fosse pura
Eu enxergaria meus objetivos na luz
Tentaria alcançar a estrela mais alta
Mas como não fui afortunado
Só me resta a buscar a escuridão mais escura
Onde estarão meus receios
Meu desfalecimento inglório...

By: Bruno

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Despair

É um tempo estranho
Lágrimas escorrendo do coração que arranho
Ao cair da noite
Minha confiança afia-se como foice
E com o raiar do sol
Minhas inseguranças, jóia opal
Reina mostruosa sob o meu pranto
Todos os meus desejos me cobriam como um manto
E agora esmaeço em espanto
Pálido, quase fantasmal
Preso num desespero alegórico, eternal
Peço e não recebo
Uma misericórdia que não mereço
Minha garganta arranha
À medida que meu corpo se acanha
Maldita danação esse nervosismo
Tão inesperado e estranho
Me atinge a cada passo abruptamente
Essa coisa que me persegue
Não terá um fim?

By: Bruno

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Inverno de solidão


Neste inverno rigoroso
Minha alma congela sem alvoroço
Porque não há braços piedosos para envolvê-la
Incomodado, ponho-me a rezar uma novena
Em vão

O inferno é gelado, idílico
O som do piano me torna indiferente
A bebida aquece meu corpo
Mas não desfaz o desgosto pela solitude

Nem nos nove reinos de Yggdrasil
Haveria alguém para mim?
Minha relutância é chama inócua
É quase imoral pensar que eu podia rimar
Sonho alto apenas para ver-me cair

E os sonhos um a um despedaçam-se e caem
No langor do abismo agora jazem
Sou ainda alma demente
Que delira que é amada e completa
Contudo é resguardada em esquecimento

A censura impede que uma luxúria egoísta
Se desenvolva e me consuma
Mas me pergunto se isto seria passível de erro
Estariam minhas concepções totalmente erradas?
Não volto atrás, todavia
Posto que por tanto tempo fui assim
Então me resta congelar os poucos suspiros sóbrios...

By: Bruno

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pedacinhos

A cada passo, adentrando em seu mundo
Me desmonto em pedacinhos inócuos
Tudo se espalha devagarinho até apagar em fogo fátuo
Até o amor que torna o coração morimbundo

De que adianta viver de esperança e de pranto
A possibilidade do enquanto
Se transforma numa promessa vã e desarticulada

Por quantas mais vezes terei de me ensinar
A matar cada sentimento daqueles pedacinhos?
Que isso importa à anjinhos que portam-se através de abracinhos?

Eu tenho a ilusional certeza que te vi
Com um sorriso que nunca me foi espalhado pela alma
As noites em que sonhei não podem ser minhas, guarde-as para si
Pois mesmo que inventadas, elas contêm a sua presença e a sua calma.

By: Bruno

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O vinho do amante alienado

Numa ébria tentativa de aliviar inúmeras dores
Na vã estranheza do pensamento
O amor, meu alento
É espremido feito fruta seca, em louvores

Não existem horas eternas
Adormeço sempre depois das estrelas
Numa poça cristalizada de toda dor a nós atreladas
Personificar o amor, colocá-lo em cisternas

É por demasiada alienação
Que toda ação relacionada ao embargo amoroso
Seja carregada de taças a tiritar e um gesto penoso
E então mergulho num turbilhão de fantasia e alucinação

E na garganta desce sem cerimônia
O vinho que à tarde ficava em uma oculta garrafa
Na noite, a mulher ardilosa então datilografa
E na madrugada por fim, olhamos a quieta begônia

Por fim não vivi as horas que me eram eternas
Trôpego, escrevia e alucinava, alucinava amores diversos
E neste pardo instante, há um lume nestes versos
Lume de cores palpitantes e ternas
Eis o tal aclamado e inebriante amor!

By: Bruno

L'accordeoniste

Caminhando a uma estação de neve
Aos pequeninos passos da menina
Vivendo dos sons amenos e que uma paz descreve

O tempo é leve para a menina
Uma pequena magia que do acordeón começa
Ao coração dos espectadores alucina
Tudo tão sereno e indescrítivel

Tudo tão despretencioso e inocente
A despreocupação até é incoerente
Mas o tempo não existe para a menina
E seu acordeón em constante entoação
O som em que a atenuação caminha indelével

Todos os males cessam
Há uma simplicidade tão desprezível
Mas nenhum dos efeitos pesam
Diante da grandeza inexplicável

A estabelecida paz
Reina agora por céus inocentes
E horizontes infinitos notam a menina sagaz
E até em outras dimensões escutam crentes
Todos os seres apreciam
Uma melodia portadora de todas as coisas boas
Que faz a inocência perdida outra vez cobiçada

By: Bruno

sábado, 14 de maio de 2011

Sou Deus?

Eu crio, desde uma simples doçura
Até a mais impura das rebeldias
Resumo minha vida em dias
Minha alma envolta em diabruras

Minha palavra é revestida de invencível encanto
Sou Deus que gera dos sóis um pranto
E tal lacrimal ação aos ventos são enfeitadas
E de tal modo em meu vaso atemporal enfeitiçadas

Sou um glorioso Deus e me orgulho disso
Minha criação amorfa se espalha sem compromisso
Meu nome era outrora tanto citado
E em várias eras fui eternizado

Óh sombras encarquilhadas
Envio-vos para céus maduros
A o que exatamente estão destinadas?
Escrevam seus desejos nos muros
E tornem isso a magnânima poesia humana!

Sou Deus porque de meu múltiplo coração
Saem as mais diversas criaturas constituídas de palavras
Compondo assim a danação da vossa imensa estupidez
Da minha jovem alma artista
Vos digo que paro aqui
Esta estranha declaração!

By: Bruno

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mephisto


Preso por fios nas mãos do destino
Eu evito a luz arisco com sopetão repentino
A manhã taciturna me é odiosa
Viventes se comportam de forma tão caprichosa
Que asco!

Cubro o sol de um negro véu
E assim afronto a luz do bonançoso céu
Minha loucura acende sob a luz dos lumiares
Para ser taxada e reprovada por rústicos olhares
E eu grito fortemente: Eu odeio a luz

Que se faça a arte
A partir da crueldade
Pois só há graça e esplendor
Na morte! Belo espectro sonhador
Revoltem-se mas me deixem em paz!
O âmbar da minha carne no abismo jaz

Eu destruirei a luz
Como a guerra que lhe faz juz
E de rima em rima
Cada vez mais olho para cima
E me vejo distante de seres que a vida prezam
Pois meu rancor e sofrimento de nada pesam
Nem meu pensamento
E nem estas pífias tentativas de ser nobremente
Um poeta
Posto que numa alegoria incoerente
Me escondo malditamente!

By: Bruno

Poète mortis

O meu coração se aviva
Devido ao vinho afásico
Da grande morte, óh magnífica diva

Há uma estranha flama em meu negro espaço
O´h Deus ignore esta alma corrompida
Diante de uma cidade de concreto e aço

O meu riso de nada é amargo
Quando da sua alegria extraio
Sua bondade, meu maior elixir, seu embargo

Meu coração grita por você, morte
Diva do coração dourado
Meu vibrante clarão, minha pequena sorte

O meu obscuro ser clama
Pela neve inscrita num fututo livro
E que nunca se apagará, posto que é chama

Os céus que se abram para tal fulgura horrível
Meu Deus tem piedade deste novo pavor
É tão malígno que até eu peço que seja banível

Seja ela a morte dos pobres
Seja ela a morte do vinho
Seja ela a morte EM PESSOA!

By: Bruno

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Balão


O mundo é igual ao seu apeitite profundo
As palavras lidas engrandecem ao resplendor das lâmpadas
As figuras, as imagens, retorcem em uma espiral nas estampas
O coração cheio do saber respeitavelmente profano

As flores trazem a alma cheia
Instigam nuvens disformes
Volúptosa fome de segredos enormes
Suas pupilas mordem e degredos que os cobreia
Estouram como um balão ligeiramente

Um balão, dois balões, três e até dez
Sãos suas vontades e o meu espanto misturados
Cérebros em intimidades, sôfregos apunhalados
Seus passos em volta da figueira abalam minha solidez

Seu tédio não se desfará como as estrelas
No ateu céu esquisito, ilusional
Curiosidade ávida, credo como és infernal!
Festim inglório que me rói as costelas

Não é do meu feitio maldizer
Mas é de mal agouro estourar um balão
Lapidado com confiança humana e frágil
Feito carmessim ágil
A percorrer as veias em aflição
O hábito posto a correr
Incoerente e em suma danoso!

By: Bruno

sábado, 7 de maio de 2011

La petite boutique

Copo a copo os cérebros humanos se põem a sonhar
Um místico e charmoso elo se cria
Algo que se põe em situação fastia
Vamos todos os dias os prazeres celebrar

Tu, soberanamente andando, de efêmeros traços
De quem ao olhar me escondo
De quem quando distrai, à antenção respondo
Olhos verdes e asas de distintos aços

Compondo o belo corpo traços fabulosos e planos
Na botique onde o som do piano é dolente e doce
Não combina com tal pudor tantálico, precoce
Canso de adjetivos e de música, meus versos deviam ser soberanos

Por quantas vezes me portei desvairado
A insolência da minha rudeza
Cruel má criação minha, de família essa natureza
Poderia eu ser perdoado? Um espírito variegado?

Pela taverna versos sem sentido ecoam
Você responde como lhe é possível
Bebendo, aviso, não sou atingível
Meus versos nem Deuses abençoam

By: Bruno

Sinfonia magnético-industrial

Os carros, as poucas árvores
Eis a civilização
Poeira, concreto, fumaça e vidro
Eia problemas cárdio-respiratórios
Respirar a sufocante fumaça da cidade
Desnorteia-me eficazmente
Óh selva de concreto desalmada
Me faz dançar uma música desbaratinada
Oficina do Diabo
Range e grunhe sem pudor
Este maquinário
E me movimento tanto
Mal a caneta tinge o papel
Tremo como se não houvesse labirinto
Órgão pequenino e defeituoso
Eia a trupe ordinária e infinita de carros
Tédio imoral, ócio do trânsito
Eia a desgraça da cidade
Desgraça que me atrai, propulciona
E que eu amo!

By: Bruno

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sem rastros


As nuvens não deixam rastros no céu
Tão frágeis...
Exatamente como a minha existência
Onde as flores caem antes de florecerem totalmente
Eu sempre me opus ao curso do meu coração
A única coisa que eu ganhei com isso
Foi ficar cada vez mais perdido
O crisântemo branco permanece no vento de outono
Pode ser considerado as ondas brancas do oceano?
É triste depender do calor da luta pela vida
Mas é como o destino funciona
Caminhar sozinho por uma trilha da montanha
Com o manto da inocência molhado pelo orvalho da manhã
Até secá-lo completamente
E que cada gota daquela endureça minha alma
É um fato monstruoso e trágico
Mas deve ser seguido em meio à névoa
Até seu fim.

By: Bruno

Happy Hour

A arma já vem embrulhada no restaurante alemão
Na tinta da caneta jaz a vermelhidão do sangue
Na taça a vermelhidão do pudor
E a arma coloca-se em punho agora
Os dizeres da mulher são impróprios
E ela nem faz abuso de acool
Somente de sua loucura
Há quem diga falta de juízo
Herdei-lhe da loucura e da fome?
O fulgor da sede me consome
A taça se esvazia calmamente
A fome esfola minhas entranhas
O jardim de enfeite é mera ilusão
As fotos mostram um passado estrangeiro
Do qual nunca fiz parte
Estou apenas ali para alimentar-me
E isso!

By: Bruno

terça-feira, 3 de maio de 2011

Tarde de verão

Olhando para o por do sol numa tarde de verão
Tocando no piano suas notas favoritas
Eu não quero mais pensar em você
Mas sei que não consigo parar de me importar
Tantas reminicências de passados que não existiram
Jazem nas gotas de orvalho
Viajo por entre as magnânimas cores do aro-íris
Teria em seu fim uma suprema fonte de dinheiro?
Há sim o tonel desgraçado com um pérfido duende a roubar-lhe a alma
Então cuidado jovem alminha
Não quero que se perca aonde o som da chuva não ecoa
Não quero ter que me preocupar
E posteriormente semear delírios infantes
Portar uma felicidade que se esfumaça lânguida
Uma desgraça que se espalha ao redor da alma
A tingindo de um negrume abissal
E mostro meus olhos sujos
Aumentando este poema
Meus olhos poluídos de devaneios
Cansados de deliriar com sua imagem
Animados por não distinguirem a realidade da ilusão
Não posso confiar mais neles
Nem em meus outros sentidos
E meu tato deteriorado some em horríveis náuseas
Meu corpo não se desintegrará como eu quero
Ainda sobrará essas malditas memórias
Como um pó assoprado aos elíseos.

By: Bruno