sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ao sabor das vagas, sigo!


Como pulsa esse eterno desalento
De ser a vida tão breve momento:
Nau a navegar em infindos oceanos,
Sem lugar para pousar os ânimos.

Tempestuoso céu, asas feridas;
Minhas lágrimas são o que resta
Das cores que o futuro m'empresta,
Ao sonhar de mãos tão erguidas.

Saudade é vestígio de bonança
Em um horizonte iridescente 
A bradar terras que a vista alcança;

Terras a povoar com lampejos
De luzente amor e cadente desejo
Até esquecer a dolente incerteza.

Bruno Borin

Sonata intrépida


Num silêncio sem paisagem
Pouso uma rosa no esquecimento
Como se chovesse uma visagem
No tardecer do especial momento

Quando o desejo de ser chuva
Fala mais alto do que o sol saturnal
Assim, compreendo a aurora outonal
Que floresce sem a orvalhada ajuda.

Sobre flores, seus variegados caminhos;
Emergem cores e complicados espinhos;
E semeio passos sem a esperada chegada,
No bulir de uma rota jamais trilhada.

Vestindo um paletó de Crepúsculo
No delírio da constelada tinta
O cinzel íngreme da vida, grita
Sob a vontade escorada em maiúsculo;

E em pequenos bemóis de sonhos
Na pira verdejante da poesia
Refloresço sobre meu escombro
Revigorando a total fantasia.

Bruno Borin

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Hino à poesia ou À vida dos bardos!


No borralhado lume dos estros
Das delicadezas ermas e silentes,
Pendem os frutos mais modestos;
Imersos em subtil mas fulgente 

Acorde, a farfalhar estrelado,
Nos corações mais conflitantes;
- Restos de magias obnubilantes
A laurear a vida tão nublada!

Postergando o inevitável naufrágio
Na urdidura de muitas fluidas cores,
Pulsam os temas do anseio mais frágil;
A inefável pira quer consumir as dores:

Soluçados versos, lacrimais estrofes,
De repente, o coração livre e leve
O espírito se torna, e épicas as odes
Surgem, a bradar o júbilo solene!

Trazer ao peito, as estranhas harpas
D'outrora; despertar melodias d'aurora;
Reparar na treva as luzes mais claras,
Faz do fardo, as cenas vivas do agora!

Bruno Borin