sábado, 3 de setembro de 2011

Delirioso, sozinho, autodestrutivo e inexistente


I
Os desenhos inacabados mostram uma cena relativamente comum
Por vezes traços teimosos davam lugar a uma calmaria romântica
E por mais vezes o jogo de luzes era dominado pela escuridão
O reflexo das asas era encoberto de uma névoa alva
E sob o luar esvoaçava gritante, aquilo
Um esboço diabólico, indecifrável e desalmado
Cingido de um passado negro e um futuro aquém
O presente certamente é tormentoso
Porém é tirado das minhas poucas forças
E de recursos escassos e dores, muitas dores
A peçonha deste vulto me corrompe dia após dia
E persisitirá por não sei quantos mil anos

II
As estrelas adormecem numa onda calma e negra
Enquanto a minha pequena folia ébria acontece
As felicitações com as quais me permito envolver
Não passam de um véu escasso e desbotado
Os sopros de esperança constituem pequenos ruídos
Que embalam meu espírito sonhador num grito louco
O infinito terrível assusta os meus castanhos desesperos
Quebrando meu seio de criança despejando-me na realidade crua

III
Eu quero buscar no sonho derretido a fogueira mais visionária
Colherei flores em delírio que caem como neve dos raios das estrelas
Para deitar-me pacificamente por entre os juncos flutuantes
E desvanecer como a doce Ofélia*.

By: Bruno

Ofélia da literatura de Shakespeare, se suicidou se atirando num rio.

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