Vive numa estreita rua, rua esta que é cheia de seres particularmente estranhos, certa mulher esnobe, que se acha a dona da situação. Mal sabe ela, que essa postura é realmente ridícula, posto que tem um corpo ressecado de magreza obsessiva, hábito de usar roupas vindas dos manequins das vitrines mais psicodélicas, e um vozeirão digno de animais que grunhem e gemem horrivelmente.
Há episódios em que esta mulher aparece cada mês com um carro diferente, mesmo morando em uma casa que possui teto de quadra de escola pública, mantêm incoerentemente um comportamento de alto padrão pelo visto. É possível ver também os familiares da mesma ostentando algo imaginário perante os vizinhos, e durante a construção de uma estrutura, a que me referi como teto de quadra, o tal marido, também portador de uma estrutura vocal vergonhosa, falava explicitamente sobre valores irrisórios, que para os vizinhos causava espanto e admiração.
Os ruídos da chuva se tornavam irritantemente amplificados por causa do teto, mas isso não impediu que uma de suas filhas procriasse, tendo após dois meses um baby, o qual muito irritado chorava muito, particularmente nos tais dias chuvosos. Parte de mim narrador, sente pena daquela infanta, crescer num lar tão ruidoso.
Mas o inimaginável estava para ser testemunhado ainda, a mulher que andava esnobemente de pijamas na rua, com um cachorro, exclamava para outra das vizinhas medíocres, que este sabia ler.
-- Eu que ensinei, latia mais que o cachorro, afirmando esta frase o mais alto possível, para que ficasse evidente suas habilidades educacionais. Leitor, há de concordar comigo que se houvesse um cachorro que lê, provavelmente haveria outros animais oriundos das mais diversas fábulas, presentes em nossas vidas, receberíamos conselhos de uma coruja, por exemplo. Ou mesmo, haveria um gato que calçasse botas e lutasse habilmente esgrima não é verdade? A realidade pode ser tão cruel a ponto de ser apenas um sonho delirante, onde cachorros falam? De acordo com aquela mulher, problemas temos nós, que pobres e antissociais somos, como um dia a mesma falou isto de mim, um poeta, ainda que maldito, mas não deixo de ser. Bom, nem sei mais o que pensar disso tudo.
By: Bruno
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