quinta-feira, 28 de abril de 2011

O buquê horrendo

1
De todas as cousas
O aspecto singular da solitude
Em eternal voluptosidade
Recobre-se de animosidade
Desenham-se crianças à lousa

Retratos sem busto
Arqueótipos malemolentes
Trovejos valentes
Em vão escondidos no arbusto

Correm, fogem
Trôpegos, exaustos
Opulentos de um horror descomedido

2
Eis o caos
O martírio das flores sem nome
Termina a métrica, começa a horrenda partida
Quem teme mais, vive mais
A realidade embarca-me em escrita
Não posso, não posso
Escrevo fastigiosamente
Não me arrependo
Parto da métrica
Para o livre
Para narrar o medo dos seres
O enegrecimento das rosas sem abelhas
Não há o que dizer
Só há medo
Só há o horror
De participar de uma realidade sem ideias
Assassinamos o intelecto
Massificamos a mente
Há em mim a inquietude
Da jovem resistência
Ardência em vão
Pois nem o demônio bolou
Algo tão nefasto


3
Só humanos
Para plotarem contra humanos
Vergonha desalenta
Montantes enérgicos de palavras
Um poder jamais utilizado
Numa atualidade criminalizada
Não há mesmo o que dizer
Só há a revolta
Contra a realidade
Cruel, idiotizante
Imbecilidade amórfica
Um pré-modernismo exacerbado
Tentativa de crítica ao incriticável
Jaz na meia noite
Os vãos esforços
Que eternizam-se
Despretenciosamente
Intencionalmente.

By: Bruno

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