Nele, há corredores imensos, como os de shoppings,
Com montras projetoras dos meus irrequietos desejos
E estacionamentos para as alegrias e sofrimentos
Com vagas preferenciais para as palavras mais fugidias,
Aquelas que insistem em não significar amplamente
Os ruídos convulsivos do epitélio do tempo
Que comprime estes meus corredores até deliquescer
O grito encantado, desta matéria descuidada
Que compõe o meu silêncio.
Entre chilreios e miados,
vou tecendo o inverno instável
Onde deposito minhas mãos cheias de tempo
E meus sentidos cheios de vazios
Na carne da ortografia
Como quem deposita moedas velhas
Afim de preservar o ofício de suas efígies
Nos cofres bancários.
E onde as minhas paisagens não se convergem,
As dicotomias inexas ao produzir em mim,
Facécias, moldam também a razão
Dos meus lábios cerrados,
Como quem busca a boca da sede
Porém jamais cede
Aos escrúpulos do vento
Que, diligente, irrompe o mundo
Trazendo histórias em folhas de relva
E pétalas roubadas.
By: Bruno
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