sábado, 12 de março de 2011

Máscara de Carne



Caro leitor, desculpe-me se se sente familiarizado com os aspectos sombrios de uma casa abandonada, ou ainda um fastio cemitério, mas são por enquanto os recursos que tenho, e não sei se devo, mas irei me desculpar por me intrometer assim em sua leitura, irei narrar o conto.
A casa que alugamos parecia perfeita e grande, mas eu não deixava de sentir algo misterioso nela. Havia uns quartos que não precisávamos então os matinhamos fechados e praticamente os ocultávamos de nossas vidas. O cotidiano era monótono demais para que nos propuséssemos a erguer alguma missão em busca de alguma emoção que não sentíamos normalmente. Ir para a escola, trabalhar, e só ter tempo para dormir era realmente algo chato. Mas não reclamávamos.
Nem minha cara mãe escapava de pensar no que podia haver nas caixas que guardávamos nos cômodos trancados. Ela controlava as chaves, e todos os dias a pegávamos em frente à porta de um dos cômodos que tínhamos receio de entrar. E a aconselhávamos para que voltasse aos afazeres da casa.
Havia um dia em que todos saíram para compras, e cheguei a casa totalmente vazia. Ela parecia bem maior sem os barulhos das pessoas nela, percebo que sem as pessoas a atmosfera do ambiente fica totalmente sem vida e enegrecida de sentimentos solitários. Em mim esses sentimentos despertavam uma enorme curiosidade sobre aqueles cômodos, sentado no canto da cozinha, olhava para o relógio vagaroso e inepto, e olhava para o molho de chaves, a ansiedade dominava meu corpo, fazia fluir uma vontade que ergueu meu braço involuntáriamente, subitamente minha mão agarrava o molho de chaves.
Corri até a porta na qual me despertava mais curiosidade. Os entalhes antigos me eram tão estranhos, hipnotizantes, lembro de girar ansiosamente a chave e em seguida a maçaneta. O cômodo todo era revestido de um papel de parede verde, e continha uma única caixinha, nem tão pequena assim, eu diria apenas uma caixa.
Minhas mãos já não se controlavam, a emoção da descoberta era soberba. Abro a caixa e me deparo com um máscara estranha, muito estranha. Ela era envolvida por um papel com algum tipo de letra japonesa nele, e atrás desse papel havia um pequeno aviso.
Avisto este, que minha mente interpretou como uma provocação, coloquei a máscara em meu rosto e recitei o que havia no outro papel, mesmo não tendo idéia do que poderia ser.
Lembro da reação da minha mãe, que ao remover a mascara de meu corpo inerte, deparou-se com algo horripilante. Onde havia os meus olhos, boca, nariz, não havia completamente nada, a pele permanecia intacta, como se nunca houvesse um rosto ali. Horrorizados nem sabiam o que fazer. Mas era uma questão de tempo para lidarem com a minha ausência. Eu agora sei o porquê que havia tanto receio em vasculhar os cômodos que não usávamos.

By: Bruno

Um comentário:

  1. Interessante e envolvente o conto, sinto que há alguma mensagem subentendida em relação a máscara e a quem a ousa usar, muito bom.

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